Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Histórias de Vida

Escrevam para catarinaportela86@gmail.com e conte sua a história da sua vida.

Histórias de Vida

Escrevam para catarinaportela86@gmail.com e conte sua a história da sua vida.

O vento te leva... - História de Vida de Marcus

 

 

 

 

O vento te leva…

 

As pessoas são de facto Insubstituíveis.

Inesquecíveis!

Não há ninguém quem preencha o espaço

este espaço meu.

Somos únicos. Eramos Únicos.

 

Alguém aparece, e possivelmente pode ocupar esse lugar.

Mas não da mesma forma.

Porque o brilho do olhar é diferente,

porque aquela mente é única,

porque aquele jeito de ser é singular,

porque aquela forma de chegar até ti era de facto,

Especial…

 

A dor não vem porque te foste embora,

mas sim porque já não estás aqui.

A dor não é por não falares,

é porque já não me podes ouvir…

A dor não me mata,

nem me torna mais forte. 

A dor, só me faz crescer.

 

Cresço, mas nem bem, nem mal.

Cresço somente, sem ti.

Como se o tivesse de o fazer, por Nós…

 

Esta dor não desaparece,

não se vai embora.

Por mais abraços,

por mais carinho que receba,

por mais apoio

e por mais pessoas que tentem compensar

esse inferno vazio.

 

Arde no interior da tua mente,

não sabes sequer, como parar aquelas lágrimas,

aquela revolta…

Tão tua, tão de ninguém!

 

Quando alguém vai embora da tua vida,

e sabes que é para sempre,

bate a saudade, uma saudade eterna.

 

Primeiro choras, nem que seja baixinho.

Depois limpas as lágrimas para enfrentar o mundo,

aparece alguém que as faz cair, sem falar.

Essa saudade bate com pequenas palavras,

com pequenos gestos que os outros fazem,

e sem intenção,

são memórias de quem já partiu.

 

Bate à porta a injustiça,

a fraqueza,

a cobardia.

No entanto que culpa é que temos,

de nos acharmos desamparados?

E estamos…

Provavelmente estaremos sempre…

 

Ninguém te pode substituir.

Assim como eu já não posso dizer,

 olhos nos olhos,

o quanto te Amo.

Assim como eu já não te posso dizer,

Adeus…

 

Quando estas palavras não se dizem no momento certo,

o vento leva-as.

Não espera por ti!

 

Porque haveria de esperar?

 

O tempo, são meros segundos,

que passam, até a vida terminar.

 

Isto não significa que não vale a pena viver…

Significa que a vida tem mais valor

do que cada um de Nós lhe dá...

 

 

Até sempre…

 

 

 

 

Texto de Catarina Portela

 

Texto inspirado na historia de vida de Marcus. Alguém que não teve tempo de dizer Adeus

 Marcus descobriu que a namorada tinha um tumor no cerebro.

No dia da cirurgia não teve coragem de ir ao hospital.

No dia seguinte lá foi, e era tarde demais.

A sua namorada, faleceu, por complicações na cirurgia...

 

 

 

Esta é uma data com significado especial para mim. 4 anos passaram desde que o meu Pai faleceu.

E já não me resta nada para dizer.

Não porque já não dói.

Mas sim porque já não encontro mais palavras para aquela dor que é só uma, e que já a descrevi de tantas formas.

Hoje resta-me reconhecer essa dor nos outros, que é tão minha...

 

A dor de quem quer um pedaço seu.

Ate sempre, Pai.

 

Uns segundos para te dizer que te Amo

 

Todo o Pai, começa por ser uma autoridade irrepreensível. Uma ordem que se venera e não se confronta. Pai começa por ser, uma paixão respeitada, uma voz rouca com um pedaço de Nós.

O tempo torna-nos expressivos e manifestadores de uma vontade, que nem sempre é a vontade de quem nos ama. As discussões nascem, e a sensação de incompreensão permanece na mente jovem.

Quando de Jovem já pouco sobra, nasce o orgulho. Um encantamento que resulta da experiencia e da razão que o Pai trazia sempre consigo. Nasce um laço eterno e inquebrável de conforto e sensação de Amor inabalável.

Pai, é muito mais que um amigo. Pai é teu, é só um, é verdadeiro, e leal a tudo o que te fará melhor.

Pai é terno, brincalhão, descontraído, preocupado, consciente e definido. Tudo porque, a partir do momento em que Nós lhes caímos nos braços, o Pai cresceu mais um pouco. O Pai tornou-se finalmente Homem na sua essência mais profunda.

Nós, filhos, somos a metamorfose mais marcada do Amor. Somos a certeza de que alguém luta, alguém vive para nos agradar, para nos fazer feliz.

No entanto ao Pai, só lhe damos o valor merecido, quando de facto ele já não está cá!

Até esse momento chegar, parece sempre que temos uma vida inteira para refazer laços, parece que temos uma vida inteira para lhe dizer que o amamos, parece que temos uma vida inteira para fazer tudo por ele, parece que temos uma vida inteira para recuperar o tempo em que gastamos em momentos fúteis.

No entanto, há um dia em que a consciência nos diz que o mundo evolui rápido, e que não existem horas, ou dias, ou meses, ou anos…

A vida são só uns segundos, segundos que não se refazem…

Apenas desaparecem…

 

No dia 19 de Março, para além da prenda, da visita, do bolo, do jantar, do beijo, espero que lhe digam a palavra que realmente importa. É profunda mas ao mesmo tempo é verdadeiramente valiosa. Digam somente, olhos nos olhos, que o Amam, e que sempre o vão Amar.

Porque Pai há somente um, e certamente que se iram arrepender se não lhe der uns segundos da sua Vida.

A mim resta-me comprar mais um ramo de flores (que ele não pode cheirar!) acompanhado por uma vela (que ele não pode ver!) e dizer de rosto caído postos no chão, que o Amo, e que me arrependo seriamente de não o ter dito enquanto ele ainda o podia ouvir…

Feliz dia do Pai.

 

 

 

Não deviamos morrer...

cry

 

Não devíamos morrer sem conhecer meio mundo, sem viajar de avião, sem passear de barco.

Não devíamos morrer sem viver intensamente, um dia que fosse!

Não devíamos dizer adeus à vida sem saber o que é ser pai/mãe, sem criar um filho/filha.

Não devíamos morrer sem rir até ficar sem voz, sem beber até cair.

Não devíamos morrer sem chorar por amor, sem insónias, ou apertos no corpo.

Não devíamos morrer sem magoar alguém, por partir ou por ficar.

Não devíamos dizer adeus à vida sem ter um animal, sem trabalhar em três sítios diferentes, e chegar a casa sem forças para sorrir.

Não devíamos morrer sem amar mais que uma vez, sem matar uma paixão, sem lutar por um amor impossivel.

Não devíamos morrer sem dar a mão a um velhinho, sem curar a criança que caiu de bicicleta, sem abraçar um desconhecido.Não devemos morrer sem ajudar alguém.

Não devíamos morrer sem dar dinheiro, sem pedir dinheiro.

Não devíamos morrer sem saber o que é ser rico, sem compreender o que é ser pobre.

 

 

Não devíamos morrer sem desejar a morte, sem pedir que nos leve para longe. Não deviamos morrer sem orgulho do percurso da nossa vida.

Não devíamos morrer sem dizer adeus aos que amamos e a quem partilhou um pequeno momento de vida connosco. Não devíamos dizer adeus quando estamos felizes.

Não devíamos dizer adeus quando deixamos o mundo triste, quando ficam tarefas por cumprir, quando ficam desejos por realizar.

 

Não devíamos simplesmente dizer adeus, quando ainda podemos dizer um até breve.

E a verdade é que muito provavelmente nunca se diz adeus, quando o coração só sabe dizer um até já.

 

(Faz hoje 3 anos que partiste. Um beijinho Pai...)

Espera por mim...

 

 
Quando não desejamos o adeus. Quando o “cedo demais” toca à porta sem ser desejado. Quando a vida termina antes de ter começado. Que fazer?
Amarrar-lhe a mão, sem o deixar ir? Comprar flores, sem que ele as possa cheirar?
Vestir de preto para demonstrar uma tristeza que a mente sente? E depois?
Vamos voltar a vê-lo sorrir? Vamos recuperar discussões sem necessidade, ou recuperar olhares que falavam por si só? Não, não vamos…
No entanto, tudo é pouco para mostrar que foste, e que nós ficamos aqui… sem ti.
 
Um vulto negro paira sobre um espaço salgado de dor. São gritos, abraços, e sentimentos de acolhimento que tentavam amenizar um sofrimento sem fim…
Esta mágoa de deixar o que amamos, está para além da compreensão de alguém que nunca perdeu ninguém.
 
Bom seria guarda-lo numa caixinha, ainda em vida, e protege-lo com toda a força, enquanto ainda havia tempo.
Bom seria, aconselha-lo, acompanhá-lo, para todo e qualquer lado, recuperar um tempo que foi roubado.
Agora... Agora doem momentos que não foram partilhados, momentos que faltaram ser vividos. Não há tempo, nem sequer pessoas que o possam substituir. O vazio ficará sempre ali, sem ser preenchido.
 
A vida muda a partir do momento em que sabes que é efémera e frágil. O mundo fica gélido, desinteressante, banal, durante muito tempo… Tempo demais…
Um segredo? Agarrar na mágoa da injustiça, prende-la ao pedaço de madeira que o leva, e enterra-la ali mesmo.
Ali, naquele momento, onde as lágrimas são poucas para demonstrar a dor que se sente… Ali mesmo onde a vontade é morar naquela terra que o leva…
Ali mesmo nasce alguém! (Jamais serás o mesmo… Jamais!)
 
O tempo roubou-te de nós. Não porque merecesses, não porque ele merecia, não porque algo está errado. Porque de errado, apenas existe “o fim”.
 
Espera por mim, nesse lugar…

 

 

Ocupada a sofrer...

 
Chovia... Nas pétalas das mais variadas cores onde se escondiam lágrimas da vida, não só da morte…
Separados pelo mármore que sempre existiu em volta da falta de nós.
 
Há pessoas que não sentem, outras que não querem sentir. Umas que sentem pela afinidade que as uniu durante anos. E eu? Eu sinto por todos os anos em que não te vivi, em que não brinquei contigo. Em que não chorei em teus ombros, em que não ouvi a tua voz, no momento em que precisava dela
 
Não há nada que apague a tua presença, nem que substitua o amor que me podias ter dado. Não há nada que apague os teus comportamentos, nem os comportamentos dos teus. Não dá para esquecer tudo aquilo pelo qual me fui moldando, criando espaços, vendo a vida a passar sem que eu conseguisse gritar a minha necessidade.
Não cresci nessa altura, muito se engana quem pensa que sim.
Nesse momento estava demasiado ocupada a sofrer por tudo o que me tinham tirado, sem eu merecer.
  
Guardo o que tive e não tive de ti, numa dor sem nome.
 
Com eternas saudades, Pai… Eternas…
 
 
Back when I was a child
before life removed all the innocence
my father would lift me high
and dance with my mother and me and then
spin me around til I fell asleep
then up the stairs he would carry me
and I new for sure, I was loved

If I could get
another chance
another walk
another dance with him
I'd play a song that would never ever end
how I'd love love love
to dance with my father again

oooo when I and my mother would disagree
to get my way I would run from her to him
he'd make me laugh just to comfort me yeah yeah
then finally make me do just what my momma said
later that night when I was asleep
he left a dollar under my sheet
never dreamed that he would be gone from me

If I could steal one final glance,
one final step
one final dance with him
I'd play a song that would never ever end
cause I'd love, love, love, to dance with my father again

sometimes I'd listen outside her door
and I hear how my mother cried for him
I'd pray for her even more than me
I'd pray for her even more than me

I know I'm praying
for much to much
but could you send back
the only man she loved
I know you don't do it usually
but dear lord she's dyin
to dance with my father again

every night I fall asleep
and this is all I ever dream

Não estarás.

 

 
 
O mundo ficou apático, sem cor, triste e sozinho. A natureza perdeu o cheiro, e a criança nunca mais foi feliz.
As ruas ficaram mais vazias, a memória mais fraca, o sorriso mais falso.
Sem escolha, sem espera, sem pausa, sem conformação, perdi-te.
 
Não sei dar passos, sem saber que existes.
Não sei olhar de frente, pois já não estás para me amparar.
Não sei ouvir, escutar com tolerância que tinha outrora.
Não sei aceitar, como aceitava.
Não sei amar como amava.
Não sei sonhar como sonhava…
 
Acordei de um local esquecido, e pensei que mais uma vez só tinhas fugido. Mas não…
Tive a escolha de voltar a fechar-me em concha num espaço meu.
Gritos e lágrimas escondiam-se atrás das portas. E eu sentia-os, ouvia-os, todos os dias!
 Pedaços meus aclamavam abrigo.
Escolhi proteger, gritar por eles, tomar rédeas de uma, ou de duas, ou de três, vidas.
Quantas vezes, não as quebrei, por me perder em mim.
Tudo por ter acordado assim…
 
Aprendi a gritar mais alto
Aprendi a falar quando tenho que falar, falar quando não tenho que falar. Aprendi a expressar-me sem saber parar.
Aprendi a calar …por algumas horas ou dias. Somente.
Aprendi a adormecer quando tudo me parece errado, e a acordar como se nada se tivesse passado.
Aprendi que a minha força cessa de forma diversa, sem momento certo, porque a levaste contigo.
 
Falta aprender a viver sem ti.
Falta não te chorar.
Falta sorrir como criança e ter a certeza de não desistir.
Falta muitas vezes a energia, certeza, clareza, objectividade, para encarar a realidade.
Falta recuperar o teu tempo, e o meu tempo.
Falta sofrer por mim, e para mim.
Sorrir por mim, e para mim.
 
Mas para tudo isto. Fazes-me falta.
 
E não me abraçarás mais.
E não vais escolher os tons da minha casa.
E o meu carro vai avariar, e o pai não vai poder resolver o problema.
E não irás reparar os electrodomésticos que vou estragar.
E não me levarás um dia ao altar.
E não verás o teu neto nascer ou crescer.
 
Não estarás…
O teu sorriso perdeu-se.
A minha alegria esvaneceu-se.
 
Dois anos passaram.

 

I miss you dad...


Dia do Pai - Insubstituível

 

Era uma tarde de verão, onde o sol tórrido ardia no corpo. Incansável era a criança que tentava vezes sem conta largar as rodas da bicicleta. Caiu, e elevou-se de novo com ajuda da robustez de seus braços. Limpou-lhe as lágrimas e disse para não desistir. E a criança não desistiu…
O Pai está ao teu lado.
 
Entre milhares de discussões absurdas, debatem sobre o futuro. Futuro que o adolescente não quer saber. Não entende o quanto essas palavras lhe farão falta.
Preocupado, mostra o trilho, a passagem que fará de ti triunfante a seus olhos. E enquanto projectava a magnificência do discurso sobre a tua vida, seus olhos brilhavam.
E o adolescente não entendia…
O Pai aponta o caminho correcto.
 
Venerou sempre que observava perfeição. Criticou tudo o que via, e lhe fazia doer o coração. Desvendou mistérios sobre o Homem, a máquina, a força, a vontade, a paciência…
Quantas vezes, o ficava a olhar sem atenção.
Quantas vezes, me observava perdido em reflexão.
Escutei incansavelmente sua voz. É um professor da vida.
O Pai ensina.
 
Afogava-te em livros, prendia-te a casa. Reprovava os teus amigos, e até a forma como se apresentavam diante dos olhos do mundo.
Tu não vias além dos seus limites, e não alcançavas as suas verdades, que de facto te alertavam para muitos que te apunhalavam nas costas.
Ele pedia que a luz iluminasse, e te não ofuscasse com o poder do crescimento imaturo.
O Pai exige o melhor para ti.
 
E não dormiu quando estiveste doente,
E riu com teus disparates.
E levantou-te bem alto para veres o mundo acima dele.
Deu-te paz interior.
Esteve presente em teu coração a todas as horas do dia.
Deu-te vida.
 
Insubstituível…O Pai.

Eternas saudades, Pai.

 

 

Meus olhos se abriram, viram o teu bigode marcado, o teu olhar que apressado me deixava nos braços de minha mãe…
Os homens e o poder do futebol.
Nasci a 31 de Maio na época em que se começavam a fazer “ondas” nos estádios de futebol. Ele dizia-me isso, imensas vezes…
 
Assim foste toda a vida, a fugir de nós, e eu que tanto te desejei perto.
Não há nada nem ninguém capaz de substituir a falta que ele faz.
Era equilíbrio em mim. Era colo que venerava. Palavras que me tocavam, compreensão que ninguém alcançava.
Seu ar serio e sua voz rouca só me assustaram daquela vez que vieste de longe de volta para a família. A minha mãe diz-me que gritei!
Não estava habituada à tua presença.
 
Depois, o complexo de Édipo se apoderou de mim para sempre. Ainda hoje és mais que necessário, e sei, que como sempre, te procuro em diversas acções, em diversas pessoas… e sei que te irei procurar eternamente…
 
E se este é o teu dia. Devo então dar conselhos a todos os pais que não estão presentes. Aos que se separaram e se divorciaram.
Sou fruto de uma relação que não deu certo.
Sou aquela criança que sentiu, e sentirá sempre, a falta do pai, só e apenas porque, (e vão-me desculpar a franqueza), os homens ao se separarem da mulher, separam-se também dos filhos…
 
E não será preciso dizer quantas vezes chorei por ti, quantas vezes te queria dizer muito, e a minha personalidade, não me deixava dizer nada.
 
Hoje não há palavras que te tragam. Não há forma de reviver, nem de fazer tudo aquilo que não tivemos maturidade para fazer. E sei que hoje, se aqui estivesses, te diria tudo. Que compensaríamos todo o tempo que perdemos, e que ainda iríamos a tempo de viver felizes para sempre…
 
Mas a vida não deixou…
 
Eternas saudades, Pai.
 
 

A magia do Adeus

 

  

Dizer Adeus a quem gostamos está para além das nossas capacidades.

Sentir aquela dor forte que nos paralisa, que nos tira todas as forças. As lágrimas e gritos de agonia. Os dias em almofadas molhadas, o vazio eterno não só da alma, como do espaço. Querer falar e não poder, querer soltar a raiva, sem saber onde. Amarrar o ódio da injustiça num baú e fecha-lo para sempre, para que o coração nunca soubesse de tal sujidade.

 

Dizer Adeus é incerto… Porque nunca se sabe quando estás de facto pronto para o pronunciar, e para o concluir. Talvez porque nunca se fica apto, apenas sai da boca, ou é forçado pela mente. Afinal, o adeus é aleatório, e a mente somente acompanha a intensidade, e nos entrega à incredibilidade de uma fatal notícia.  

 

O tempo pára, e as questões aparecem. E se eu simplesmente não dissesse Adeus?

E negamos o evidente, por não querer ver. É a esperança, até ao último folgo.

Contorcemo-nos, esticamos os braços, incrédulos com a crueldade da vida. Ou diria da Morte?

O passado, não é viver, mas recordar. Imaginar como seria, não passa de possibilidades, ou de impossíveis…

 

Adeus…

Largaram-se as mãos, o abraço, o sorriso.

Adeus…

E a magia aparece.

De novo… as mãos, o abraço, o sorriso. São lembranças.

 

Disse por fim, Adeus, com a certeza que és Eterno.

Eterno em mim… e nas minhas memórias.

E viverás para sempre, porque eu farei com que vivas... 

 

 


 

Partis-te...

 

Um pedaço meu partiu contigo.
Saiu de mim sem dó nem piedade, e alojou-se em partes tuas que nunca descobri.
E agora como sou eu sem ti?
Marinheiro sem leme, á procura de uma rota perdida num dia de tempestade.
Arvore sem raiz para me segurar a esta Terra que me magoa e despreza, comparando-me a outras que tais, demasiado banais!
Sou foto de imagem destorcida, que tenta vezes sem conta, definir contornos de maior nitidez…
Melodia com notas em pautas amarrotadas, som imperfeito…
 
Um pedaço meu morreu contigo
Mudou-me, mudaste-me, mudamos…
Constantemente nos tocamos, nos abraçamos, nos vemos, inacessíveis e cegos, acorrentados ao vazio.
Eu corpo, tu alma. Eu terra, tu Céu. Eu mar, tu areia… Tão próximos, tão distantes!
 
Revejo-te sem te olhar, recordando quando deixei de te ver….
Ouço-te sem te escutar no silêncio de meus dias….
E petrifiquei
Tudo em ti me é familiar, o tom de voz, a forma de expressar, a qualidade das palavras ao relatar factos antigos. O mesmo poder de se fechar, a mesma autoridade no olhar.
Verti lágrimas, e desejei-te perto.
Gritei teu dever!
 
Tu não ouvis-te, e partis-te.

Encontrei-te

 

 
Se um dia acordares sem ninguém te ver, e sentires que nada faz sentido pois ninguém te ouve.
Se te cair uma lágrima e ninguém te limpar o rosto, e se te baixares e não existir ninguém para te levantar?
Se olhares para trás e não vires ninguém e não possuíres esperança para o dia de amanha?
O que fazes simples mortal, carnal e tão pouco espiritual?
 
Acabas com a vida num segundo, porque apesar de existir imensas pessoas no mundo, tu continuas fechado, arrasado, amarrado a uma vida apenas com a sensação de injustiça?
Percebo tudo em ti, cada traço, cada mágoa e desespero.
 
Repara, e se por um momento imaginasses que estás simplesmente cego?
Que não vês quem te dá a mão, que ignoras quem te dá o coração, que não ouves quem te quer falar, e falas com quem não te quer ouvir.
Não seria mais fácil acordar?
 
Fechares os olhos quando não queres ver.
Tapares os ouvidos quando não queres ouvir.
Amarrares-me a mão se tiveres medo.
Eu levo-te comigo.
Vens?
Queres conhecer-me melhor?
Estou aqui para ajudar, sim tu… que estás perdido, onde me perco…
Encontrei-te.
Ficas?

Volta Pai

 

 

 

Não foi à muito que te vi partir, sem te dizer Adeus como merecias.
Sem te dizer todas as vezes que falhas-te, que faltas-te, que sumis-te quando devias ficar.
Não me deste tempo para falar sobre mim.
Não me deste tempo para sorrir contigo, para recuperar horas de vazio.
Não me deste tempo para justificar o quanto eu vivia magoada, por tua culpa.
Não me deste tempo para ouvir da tua boca, o quanto gostavas de mim.
As poucas vezes que disseste ficaram tão claras, tão puras, e eram tão necessárias ao meu coração, que ainda hoje as posso ouvir.
E o abraço. Aquele abraço que recordo vezes sem conta, sinto-o como se fosse ontem.
 
Não tive tempo de te conhecer, de me orgulhar, só tive tempo para te amar, e sofrer com a falta desse amor.
Não tive tempo de te agradecer a pequena parte da tua vida que passas-te comigo.
Não tive oportunidade de te fazer ver que terias motivos para te orgulhares de mim.
 
Continuas a magoar-me por não estares, por não falares, por não te sentir.
Continuo à procura de algo que preencha o espaço que sempre deixas-te.
E como é difícil, e como será difícil viver sem ti.
 
Como posso substituir as palavras e a compreensão?
Como posso encontrar a empatia, a atenção?
Como posso crescer eu sem Pai…
 
Serei eu uma eterna criança?
Ou será que não tive oportunidade de viver como criança?
 
Volta, para que tudo possa ser diferente…
Como gostava que voltasses.

O Nosso Tempo

 

Não consegui guardar-te num momento para sempre.
Procurei prender-te a mim num pensamento constante. Até que me cansasse de ter a mente desperta, mas tive medo de adormecer.
Quando acordei não estavas a meu lado, senti mais uma vez a tua falta.
Rebolei por entre os lençóis brancos, olhei para o teu lugar vazio…
 
O relógio estava casmurro em não querer retroceder para o tempo em que estava presa em ti.
Não havia som, palavras, ou companhia que substituísse o lugar que ocupavas.
É a hora.
De comermos na mesma mesa, partilharmos o mesmo tecto, de te roubar os cobertores, de reclamar a desorganização, de pensarmos para Nós.
É o tempo de sorrir de manha, e sorrir ao deitar.
De dormirmos agarradinhos, como se ao não houvesse amanha.
De pensar em tarefas diárias banais, que darão imenso gosto, fazer a dois.
Ansiosa de olhar para ti e ver defeitos e qualidades que só as paredes podiam mostrar.
 
Quero que os meus sonhos sejam os teus, quero ouvir a tua voz mal o sol espreite, e sentir o teu toque mal a lua se levante.
Quero-te onde preciso de ti, a meu lado.
 
 

Morte em mim...




 

  

Tu, que me vês a morrer devagarinho, onde já ouço baixinho uma voz que me chama.

Perdem-se as forças, para comer, para falar, perde-se a esperança, de acreditar num amanha, e vem lá dentro aquela luz, aquela raiz que abona, mas já não é forte.

Estou entregue à minha sorte.

 

Vejo a vida a passar por mim, assim devagarinho, e parece pouco o tempo que tive para estar contigo, para te ver e te sentir.

E sinto que falta tanto por fazer, tantos problemas para resolver.

Preciso de ficar!

 

Tenho um olhar de despedida, como se cada dia fosse o ultimo. Entro por dentro dos que amo para dizer Adeus… mas as palavras são curtas.

E nem preciso de dizer mais, não…

A mensagem chegou ao destino.

 

Relembro o vídeo de nascença que vi em casa.

Como tudo começa!

Como eu gostava de estar a nascer, como gostava de voltar atrás.

Entrega-se em mim um medo gélido, de pensar como acaba.

Da dor que vou sentir.

De sofrimento que tenho por vos deixar a todos.

 

Estou cercado de dores, de cansaço.

E não adianta visitar-me, só me causa mais dor.

Relembrar, e voltar a lembrar que me vêem, e pode ser a ultima vez.

As minhas rugas ainda não são profundas, porque me levas?

Porque não me deixas ficar?

Porque me roubas assim, do meu lugar?!

 

Se eu pudesse ficar e dizer tudo o que tenho cá dentro.

Se eu pudesse ouvir tudo o que tinham para me dizer, a minha vida teria de certeza outro sentido.

E daria aos outros, outro sentido para viver.

 

 

Lembranças

 

 

 

Lembranças que permanecem fechadas numa mente tão cheia e apertada.

Que lutas para vence-la, para ultrapassa-la.
Ai, tão duro tentar esquecer tudo o que não se desejava perder.
Deixar para trás tudo o que teima em te assombrar.
Perder um pouco de mim, um pedaço que até podia ser importante, relevante na descoberta da minha vida, e na descoberta de tua.
Que podia mudar o teu rumo e traze-lo a bom porto…
Mas partis-te, deixas-te em mim algo que jamais de apagará…
Lembranças…
Que corrói um coração que bate em dificuldade.
 
 
Qual não é a maldade, saíres assim da minha vida, sem te despedires.
Qual não é a maldade em saber que foste para longe e não voltas.
Adeus voz, Adeus olhar que me fazia falta, Adeus pedaço de mim.
Pedaço de mim que me mata de lembranças…