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Histórias de Vida

Escrevam para catarinaportela86@gmail.com e conte sua a história da sua vida.

Histórias de Vida

Escrevam para catarinaportela86@gmail.com e conte sua a história da sua vida.

Imagina - História de Vida de Paula

 

 

Imagina que Deus te castiga, que te calca, que te odeia, que te engole a vida, que te desfaz os passos, que te corta os laços.

Imagina que um dia a visão te trai, e te atira para a palidez com cheiro a álcool.

Imagina que jogas às cartas com os idosos e brincas às bonecas com as crianças que sofrem. A pensar que a tua sorte, é a mesma…

E mesmo assim tens muita, por não te doer nada.

Ainda sem saberes que a tua doença não dói assim…

Alguém brinca com a tua vida! Brinca Sim!!!

 

E tu começas a imaginar…

 

Só não consegues imaginar, o belo sorriso que reina naquele branco, que alegra o idoso e a criança, e encanta quem passa, com o seu ar de graça e vivacidade. Dura realidade…

O espaço gélido e o desassossego, movem-na. Não com a fraqueza que teme, mas sim com a esperança de um fim sem retorno…

Pobre logro…

 

Só não consegues imaginar, o dia em que dizem que podes voltar a casa. E voltas, mas não com um sorriso, mas sim com uma lágrima.

Esclerose múltipla, foi o veredicto. Um grito por dentro entoa e permanece durante dias, meses…

Fechou-se em casa.

Chorou.

Sofreu.

Lavou a mente, curou as feridas, e decidiu sorrir novamente…

E ninguém sabe como, nem porquê!

 

Traz a seus ombros, um peso. O peso do medo, da dependência de todos, da compaixão de muitos, a perda de tudo o que ambiciona ter um dia.

No entanto, dança! Dança sim! Melhor que tu!!!

Como? Sei lá!?

 

Deixa que vá alegre, deixa que o sol a ilumine mais, que a chuva lhe esconda as mágoas.

Deixa que a sorte lhe conte um dia, que vale a pena…

Enquanto isso, espera…

 

Ela esperou, Eu esperei, assim como vocês!

Que a doença não se manifestasse, e que nada do que fizesse ou dissesse, se notasse…

E não notou…

 

Uma noite, caíram-lhe pequenas gotas salgadas, e entre palavras magoadas com a vida, soltaram-se notícias por mim inesperadas.

À mãe alertaram-lhe para uma possível doença Alzheimer, e não contente com a saúde daquela família, Deus decide oferecer um cancro ao Pai…

Triste sina que não vai embora. Porque demora a entender o erro?

 

Enquanto outros caminham em mantos macios cheios de tudo, outros caiem em pedras escuras, que lhes pintam a vida de Negro

 

Qual é então, o TEU desespero?

 

O meu? Nenhum…

O teu? Tão pouco…

O Dela? O que conseguires imaginar…

 

 

 

(Paula é força omitida, e frequentemente destemida. É encanto quando brota um sorriso, que não se sabe de onde nasce, apenas se sabe que existe e persiste. De fortes raízes que a prendem à terra, mas com uma flexibilidade de que a permite voar, Paula é um segredo fantástico a desvendar.
Paula é mais que imagens, mais que... frases soltas e letras amarradas. Paula é o ser mais incoerente que conheço, pelo simples facto de dançar quando chora por dentro...

Paula, és um mistério, que me permite questionar:
- Porque é que Deus a testa, e ela ainda o consegue perdoar...)

 

Texto baseado na vida de Paula Branco

 

 

Catarina Portela



 

 

 

Porque a fé é sem dúvida a sua força...

Mais qua amiga, mais que familia, somente Tu - História de Vida de Ana

 

 

Não abriste portas para conhecermos o mundo, abris-te janela para contemplarmos estrelas.

Não criaste lágrimas, mas aguentas-te birras, enquanto enxugavas as gotas salgadas da nossa teimosia, Tu, ainda menina!

Não fizeste pontes mas mostraste-nos todos os caminhos escondidos, deixando-nos sonhar com castelos de encantar…

 

Amor, é esse fruto, que brota enquanto se cuida, que nasce enquanto se vê crescer, que dá, mesmo sem puder…

Carinhos, são esses gestos meigos e ternos que saem do calor da tua mão macia. Toque esse que jamais se esquece. Aparece quase que por magia, sempre que pensávamos no teu nome. Como se fosses a luz que nos guia…

A confiança trazes ao peito, a força que sem jeito desagua em teu coração, não é mais, que a pura protecção.

Atenta, discreta e sempre presente, assim começas-te na nossa vida. Assim invulgar, assim destemida.

És mais que família… (bem mais!)

 

Famílias não são só, os laços de sangue. Famílias são aquelas que não se esquecem de cultivar os sentimentos de união.

Famílias são como correntes inquebráveis, mas que jamais partem com o tempo. Por mais ferrugem que cresça, por mais que rompa e fique gasta, Família é sagrada.

 

Quando nada bate certo. Quando o correcto se mistura com a imperfeição humana. Quando Ser é mais difícil do que Estar. Nessas alturas estavas tu, a olhar por nós. Todos nós.

 

Tu Menina-Mulher, que mesmo antes de construíres um lugar, já fazias parte do nosso lar. Nós de olhos brilhantes, de anseios sem fim, depositamos em ti mais que a infância. Depositamos em ti momentos inesquecíveis, que nunca serão substituídos.

 

Amigos, são asas de condão que pousam uma vez em teu ombro e marcam para sempre a tua mente. Os anos passam, há crianças que nascem, há pessoas que morrem, há um tempo que não volta, há famílias que se desfazem, há pessoas que desaparecem da tua vida.

Tu não…

Porque Nós jamais te diremos Adeus.

 

 

 

(texto baseado num momento da vida de Ana. Dedicado a alguém que ela estima muito e que também a criou. Neste momento vai morar para longe, e ela decidiu dedicar-lhe um pequeno texto...)

Numa separação, Nasce uma união – História de vida de Flávia (nome Fictício)

 

 

Quando o amor acaba, e o fim de aproxima. Quando a dor se anuncia forte e destemida. Quando a sorte não aparece e desiste de quem não se esquece. Que fazer?

Desfazer uma união, guardando no coração todas as melhores recomendações, para afogar discussões?

Bom seria, no entanto uma tempestade baralha as mentes, e inconsequentes são as acções que vão nascer desde então.

 

São os descendentes que sofrem por não os ver juntos, pelas atitudes adolescentes de quem diz ser adulto.

São os descendentes que se vêem divididos a lutar tréguas às quais não pertencem.

Sim são eles, que adoecem… Acamam na incoerência das decisões dos outros. Juram encontrar o amor em outro lar.

 

Apegam-se aos sonhos e ambições e à força que não os deixa abandonar a vida. E nessa confusão e conflitos de vida, cresce então o amor que acalma a agonia.

Para ela, ele é o melhor o mais completo, e aquele que lhe dá alento nas alturas de maior sofrimento. Talvez ele não saiba, nem sequer compreenda, que é com ele que ela sonha, e é só nele que ela pensa.

 

Como Romeu e Julieta, o veneno da separação de seus pais, afasta-os mais do que fisicamente. Brota a desconfiança, a amargura e aquela dor que ainda hoje perdura.

 

O destino o trouxe de novo a ela. No além, ao lado do Sol, a olhar o mar. Numa tranquilidade que os comuns mortais apenas podem sonhar.

Ali estão eles, juntos, como sempre deviam estar. São mais que fortes, mais que adultos, mais que meras discussões. São a certeza de que a dois, tudo será sempre mais fácil.

O sentimento assustador que tanto faz magoar, chama-se amor, e apenas com esse sentimento se constrói um lar.

Quando o amor fica sem vontade, morrem Seres acabados com a saudade. Só a vontade o pode fazer renascer…

 

Pega na minha mão, e apaga as nuvens que me fazem chorar.

Não olhes para trás, se apenas me queres amar…

 

Texto baseado na história de Vida de Flávia (nome fictício)

 

Mais uma adolescente que sofre com o divórcio dos Pais, mais do que com a própria separação, sofre com as consequências que todo o divórcio causa. Aquela néscia mania de usar os descendentes para causar dor entre aquele mundo dos adultos.

Dizem eles que é para “nossa” protecção. Esquecem-se eles que a nossa protecção é a ausência de discussões, e de jogos de agonia para se auto mutilarem…

Com tudo isto, os adolescentes vêem a vida ao contrário, mudam muitas vezes de casa, de terra, obrigados a deixar os amigos e as suas paixões. E nestas idades, sabem lá os pais o que estão a fazer aos seus filhos, naquela que é, “a idade complicada”…

Pensem nisto.

 

Texto escrito por Catarina Portela