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Histórias de Vida

Escrevam para catarinaportela86@gmail.com e conte sua a história da sua vida.

Histórias de Vida

Escrevam para catarinaportela86@gmail.com e conte sua a história da sua vida.

Lembram-se de "Que Deus te dê um Dia Dificil"? agora em video

 
Que Deus nunca me facilite a vida, que não me dê tudo o que desejo.
Quero que me torture emocionalmente colocando à minha frente obstáculos, e que me faça verter lágrimas salgadas até encher mais um oceano.
Quero que me aperte o coração de vez em quando, e que me sussurre ao ouvido tudo o que eu não quero ouvir.
 
Após o mais ridículo trambolhão, quero sentir que brincas comigo, e que ficas feliz sempre que me levanto,
Quero mostrar-te as cicatrizes mentais que fazes, e as marcas na pele escuras que demoram tempo infinito até que desapareçam, e orgulhar-me de já serem passado.
 
Quero sentir que estou viva, que me levanto todos os dias, mesmo que a minha vontade seja acordar daqui a séculos.
Quero lutar, crescer até que me dou-a a alma. Quero andar sobre espinhos e chegar ao fim do terreno com vontade, de mesmo assim, te esganar porque foste fraco para sofreres por mim.
 
E quero, quero Sim. Envelhecer e ter rugas, e mesmo assim, sentir-me bonita, diante o espelho. Ver ali a criança que sou hoje. Sem medo de dedos ridículos apontados à celulite, ou das historias do arco-da-velha com que me piquei.
Quero ter 90 anos, ser uma corcunda e ter peles descaídas, mas com vontade a aprender, e alegria de Viver.
 
E quero, quero sim. Rir-me sarcasticamente do teu lugar longínquo. Tu que te proteges atrás de etiquetas e de vida fácil.
E tu, Tu sim, precisas bem mais de Deus que eu. Porque eu vivo com horrores, num mundo de dores e mesmo assim aprendo a levantar-me e sorrir a todos, e tu?
Tu mesmo assim treinas ao espelho, como é a melhor forma de sorrir. Como será mais natural o teu sorriso, enquanto o meu brota de forma natural, com as mais banais situações do dia-a-dia.
 
Quero rir-me na tua cara quando falas dos cêntimos que te roubaram no super-mercado, ou da nota de 10 euros que perdes-te ou gastas-te não sei em quê!
E falares que tens na tua família, uma mãe solteira, quando uma criança é sempre uma alegria, e tu lhe chamas problema!
E ouvir dizer que o teu avô teve cancro aos 86 anos, e ver todos os dias jovens e adolescentes a lutar contra essa doença.
Vou abanar a cabeça e dar o meu ar cínico, se não tiveres dinheiro comprar ou oferecer uma Playstation portable, quando aqui mesmo ao lado, no mesmo planeta que tu, existem crianças que fabricam os seus próprios brinquedos.
E vai-me apetecer muito, que fiques sem emprego, se te queixas que trabalhas 8 horas por dia, e chegas a casa com tanto para fazer, quando existem pessoas, mais novas e mais velhas que dariam tudo por esse trabalho. E outras que em vez de 8 trabalham 16 horas para pagar as contas e tem… como tu… uma vida!
 
Tu na tua vida fácil, que andas de mão dada com a sorte, que Deus tenha misericórdia de ti, e te dê um dia difícil, para que pelo menos um dia, e apenas um dia, saibas o que é o dom da Vida, o dom do Ser Humano, e o sabor que dá, Aprender a Viver, Aprender a sorrir.
 
Que Deus te dê, um dia difícil (para que sintas, a vida fácil que tens).
Catarina Portela

Recordam-se de "A Meta"?

 

 

 

O Sol lá em cima parece dar-te uns bons dias. Sorris receosa por veres as nuvens a aproximarem-se em passo apresado. Há ventos que não cessam e teimam em aparecer sem nada dizer. Causando-te um arrepio gélido, pois sempre soubeste que seria penosa a tua escalada.
 
Suspiras e arriscas sem qualquer protecção. Ainda acreditas que devolves à vida tudo o que é fácil e parece difícil.
Para tua surpresa, é complexo todo o processo que seria acessível, e não são as banalidades que encontras no caminho que te fazem fraquejar, mas sim o vento, que te empurra e te derruba sem avisar.
 
A caminhada a passo lento, traz curiosidade à população, que tanto te avisou que existem caminhos que podem ser alterados. Mas tu não…
Tu tens o capricho do risco, da ganância de superar, de conhecer por ti mesma, realidades que podiam ser evitadas.
 
Não espero de nada, nem de ninguém. Admito que o trajecto que construo é normalmente o que todos evitam, e mesmo não tendo a alegria inicial de superar o fácil… Tenho a força de tudo o que foi ou será difícil de viver.
 
Olho a meta longínqua, os olhares admirados da população sobre a minha persistência, os sorrisos cínicos de quem espera a minha queda ou desistência.
Faço o fim sem ele de facto existir, e continuo a edificar inícios sem eles estarem programados.
 
Não me levantes, pega na minha mão e diz-me que sou capaz. A magia do improvável alcança-me, e não há valor ferido, ou pensamento sofrido que derrube meu Ser.
Entras em mim através de palavras, e através que palavras te podes afastar.
E eu continuarei a levantar-me sozinha…
 
Permanece a meu lado e eu te mostrarei lugares de meu coração que mais ninguém visitou... Afasta-te e nunca saberás o quanto eu sou, o quanto fui, e o que serias se ficasses.
 
Quer vás ou fiques, eu já estou.
Não espero por quem não vem, e não fico com quem não está.

 

Um Príncipe sem Nome

 

Eu procuro um Príncipe que viva na mesma estrada onde eu caminho todos os dias, e não tenha barcos para remar contra a maré.

 

Prefiro um Príncipe que chore desesperadamente, e me peça para ficar, do que aquele que desiste antes de começar a lutar.

Eu quero aquele que se derrete em momentos sem hora, e me abraça sem demora num tempo nosso, que não se vê. Aquele que não dá quando quero, dá quando menos espero. Aquele que me faz disputar todos os dias para ser desejada por ele, e arranca de mim lágrimas de projectos ansiados.

 

Eu tenho aquilo que procuro, e corro atrás do que sei que me pertence.

Não espero por quem não quer ficar. Não choro por quem não me amar, mas chorarei sempre pelos que já amei.

Vou embora quando sei que não vale a pena, quando a esperança já não serve de nada, e o olhar é escravo e desabitado, como se o amor nunca tivesse existido.

Não luto em batalhas que não tem sentido, não desespero por pequenas aventuras, mas irrito-me com pormenores. Aqueles que fazem toda a diferença, não hoje, mas amanhã.

 

Não apago memórias desagradáveis, apesar da vontade ser, não as lembrar. Guardo-as num palácio, aquele palácio onde vivem princesas de encantar. Onde a Meninice, com varinhas de condão de mil cores, pega em recordações e transforma-as em maturidade. Sou a Princesa sem cortesias e manias, que sabe apenas, como quer a sua vida.

 

E lá, onde a minha mente mora, naquele lugar onde existe uma floresta de perigos, um palácio de memórias, uma estrada velha e cansada, existem crianças, imensas crianças a correr para o lago transparente de sorrisos rasgados.

Existe um príncipe que pega em mim, e me leva de cavalo até ao castelo.

É um príncipe sem rosto e sem nome, sem soldados e protecção.

É quem desejar ser meu, apenas com o coração.