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Histórias de Vida

Escrevam para catarinaportela86@gmail.com e conte sua a história da sua vida.

Histórias de Vida

Escrevam para catarinaportela86@gmail.com e conte sua a história da sua vida.

Eu tenho dois Pais Homens

 

Os brinquedos estavam parados à frente da criança, que apática, se distraía com pensamentos de gente grande.

Ás vezes sentia que não era de ninguém. Os Pais, por mais que a amassem, tinham dificuldade em enfrentar todo aquele mundo. Mas pelos seus filhos, claro que lutariam, até deixarem de ter forças.

Mas os Pais jamais conseguem proteger-nos de tudo…

 

Assim que Pedro via os seus Pais, seus olhos brilhavam. Eram meigos, dóceis, afáveis, e ninguém duvidava que amavam aquela criança mais que do que eles mesmos.

 

- Pai, os meninos lá na escola gozaram comigo.

- Outra vez filho?

- Sim… - Dizia Pedro, com os olhos cheios de lágrimas.

- Sabes, que os teus Pais gostam muito, muito, muito de ti. Não dês importância ao que os meninos dizem. Eu amanhã até vou falar com a professora.

 

Pedro, sentiu-se protegido, apesar de no fundo, ter consciência que tudo se iria repetir, como tantas outras vezes se repetiam.

A criança e a sua capacidade de se abstrair, ultrapassam a terra dos adultos. O comboio da imaginação voltou a trabalhar. A discriminação ficou de lado, assim como a hipocrisia de todos os que não entendem o amor.

 

A tia Hermínia, raramente vinha lá a casa, aliás, quase ninguém vinha lá a casa. Desta vez, a tia Hermínia trouxe companhia, chama-se Rosa, e é amiga da Tia Hermínia.

Todos foram para a cozinha, e apenas o menino Pedro e a Dona Rosa é que ficaram na sala.

 

- Sabes Rosa, eu tenho dois Pais.

- E então Pedro, todos temos dois Pais.

- Mas os meus pais, são os dois homens, e lá na escola todos estão a fazer postais para o dia da mãe. E eu não tenho mãe.

- Faz o postal na mesma. Aliás, faz dois postais.

Pedro sorriu.

 

(Este Planeta chama-se Terra, e esta terra chama-se Portugal. Não um Portugal de hoje, mas quem sabe, o Portugal de amanhã. Estará Portugal preparado para se adaptar a esta realidade?

Os invisuais, os surdos-mudos, os portadores de algumas doenças motoras, e até por vezes, as pessoas com gostos diferentes da restante sociedade, continuam a ser algo de discriminação! Esta será mais uma confusão na mente de uma criança. Até que ponto vale a pena?

Verdade seja dita, que eu jamais amaria menos o meu Pai, ou a minha mãe, por uma escolha idêntica. A pergunta que se coloca é: E Portugal, respeitaria da mesma forma estes Pais e esta criança?)

Não me perguntes...

 

Ele retirou-se da minha vida sem que eu nada pudesse fazer.

Partiu com a intenção de levar meu coração, esperando que tudo se fosse esvanecer. Como posso eu omitir, se me levas a alma, e me deixas as recordações?

Como posso eu deixar para trás um sentimento , que não me deixa em paz!

Como posso eu dizer adeus, se a vontade é ficar.

Como posso eu viver sem te amar!

 

Explica-me o que será de mim, sem um sorriso teu.

Explica-me o que será deste mundo meu!

Conta-me como me podes deixar sozinha, sem um espaço teu para cuidar, arrumar, estudar, Ficar!

Conta-me se choras à noite por tudo o que fui.

Conta-me se ela me substitui! Se dilui o que criamos em anos por direito. Para onde foi tudo o que era perfeito!?

 

Não venhas mais tarde desejar, tudo o que era nosso sem ser preciso lutar.

Não me digas que desisti antes do tempo, sendo que te ausentaste, quando fiquei em desespero.

Não me digas que não tentei, se não soubeste combater!

Não me perguntes depois: ”- Como foste capaz de me esquecer?!”

A Tela

 

Há uma ansiedade enorme de que um dia te tornes lembrança.

Fazes e desfazes tudo o que é possível.

Avanças e recuas, e com o tempo corres e desnudas os pedaços que teimaste em prender, sem ninguém os querer.

 

Mostras-te preto, enquanto o mundo te vestia de branco, e fica cinzento todo o resto. Resto esse que não pede para dizer adeus, vai, sem ter mais motivos porque ficar.

 

Bastou uma frase alheia, para os meus olhos deixassem de ser cegos, para que os teus morressem para o mundo, e para que tudo, e mesmo tudo, perdesse o sentido, e ficasse no baú do que não deveria ser vivido.

 

Deambulando por afagos que te trazem a bom porto, calado carregado de pudor e desalento, evitas, como se fosse sempre essa, a solução.

E será, porque já não te peço, não duplico, não faço, não canto, não sonho ou sorrio, para ti.

 

Em tela pintei o além do horizonte, mas a chuva molhou a pintura, e descobri que estava sozinha, criando, apagando, e reescrevendo uma arte, que não era a real.

 

Real, são os traços que risco todos os dias, e me definem para alem da tela que a chuva molhou.

Traição - História de Vida

Dois Amores

 

 

 

Caí por Terra à espera que me desses a mão. Questionei o porquê daquele sentimento que destrói a ilusão, e não tinha razão de existir, pois tantas eram as desigualdades entre nós!

Lutei para que todos os nossos espaços fossem apenas um, e perdi-te pelo tempo que andei a dispensar num conjunto que não existia.

Fui embora sem saber porque fiquei, se sou tua, ou se errei.

 

Talvez porque sei amar, mas não sei quem me merece.

É Aquele que conta mentiras, enquanto me beija a pensar em outra mulher?

É Aquele que se afasta de mim cronologicamente. Será que brinca, que se aproveita, que luta, que me beija a mim, para alem do corpo em que toca?

 

A solidão é confusão na minha mente, que me pede insistentemente para voltar a amar alguém! Perdi-me nas vozes que rondavam a razão, e me sussurram hesitações sobre o meu sentimento. Pressentimento de que tudo não termina, sem realmente ter começado.

 

Acomodei-me no amor antigo, não porque deseje mais, não porque ame mais, mas porque o amo de forma diferente. Camuflei as marcas profundas que tinha deixado o logro da louca e fugaz paixão. E esperei paciente aquele dia em que sorrimos com certezas… Mas esse dia tardava a chegar.

 

Talvez porque me amo, sem saber quem me merece.

 

Ouvi o eco da vida, que trazia de novo a maturidade terna, e cedente de um desejo sem fim.

 

- Voltas-te?! E Agora?

- Quero-te!

- Não!!! Vai-te embora.

- Não me desejas?

- Não posso!

- Mas queres…

(e no silêncio uniram-se os corpos calados, novamente...)

 

Voltou enquanto beijo outra pessoa, enquanto toco em outro corpo.

Voltou para que desfrute duas vidas, e me desfaça em pedaços por sentir que sou Ninguém.

 

Talvez porque tenho amor para dar, sem Ninguém o merecer.

 

 

 

(História de vida de "Susana" - Nome Fictício)

 

Anorexia e Bulimia

Antes eras mais que uma imagem...

 

É um traço de pele, que não desaparece do corpo que se acusa monstruoso.

É a comida que olha como quem fosse aumentar números à balança.

É um terno e ambicioso desejo de Ser melhor do que quem veste um 34 ou um 36!

É a loucura do exercício físico, que parece não terminar. 

 

Só quem a olha é que vê a exaustão e o tédio daquele Ser, é que se entristesse ao entender, que ele se  olha ao espelho sem se Amar.

Um mundo paralelo ao que caminhamos, que em silencio esconde dos Pais e Amigos, mentindo acerca da sua própria alimentação. Quando eles só estão ali para ajudar.

 

Mas a mente de quem sofre, diz apenas que “Eles não sabem”, “Eles não compreendem”, "Eles não sabem o que é Ser gordo(a) e ser discriminado(a)”…

Acreditem que “Eles” sabem sim, o que foste, e o que És. Têm a certeza que hoje és infeliz com a loucura do peso, e quando o peso não existia, “Eles” brilhavam só com o teu sorriso inocente, que não conhecia o mundo, mas também não conhecia a discriminação!

 

Pensa nisto menina sem nome, que te escondes atrás de um véu de vergonha, não por seres gorda, magra, ou apenas viciada em exercício físico. Escondes-te só porque não És feliz dessa forma, e essa forma não é física. É Psicológica!

Pensa nisto menino que sobrevive com medo que os fantasmas do passado se apoderem de novo do teu dia-a-dia. Pensa que antes, choravas sem saber porque te reprimiam.

Hoje choras, e sabes porquê, sem saber porque continuas...

 

 

 

 

 

 

Pode Ser que o Fantasma da Reflexão volte com mais vontade de vos contar histórias de pessoas que precisam de ajuda. Pode Ser que My Way, mais uma vez queira lutar convosco. Em memória ao meu antigo blogue http://cat_3105.blogs.sapo.pt/

Desejo contar histórias de vida, de luta, de sofrimento. Ambiciono um lugar não de factos e informação, mas sim de partilha e entreajuda a todos o que desejarem partilhar a sua vida, Anonimamente ou não.

Aqui vos espero, para sofrermos todos juntos...

Porquê? Apenas porque assim custa muito menos ultrapassar as barreiras da vida...