Estende a tua mão
O tempo foi roubado e ainda existia chama acesa, num coração que aclamava protecção. Escorreguei em águas quentes que pareciam dar-me segurança, e mergulhei num local sem espaço, apertado para um só.
O mundo parecia olhar-me de cima, esquecendo-se de mim cá em baixo.
Não haviam mais esforços para refazer a vida, não haviam mais escadas para subir, não haviam mais apoios para me levantar!
Era ensejo de agonia que teimava em lembrar afagos que não tive, que esperei sem existir, que chorei sem sentir, que senti sem os ter.
No obscuro da mente, perdia-me na passagem da vida. Não hesitei em dar a mão ao desconhecido que parecia estar pior que eu. Sujo, pálido, com fome e frio, estendia a mão. Alguém não tinha escolha senão oferecer-lhe um sorriso.
O pôr-do-sol de qual já não lembrava a cor, descia para se enterrar em mar, O vento soprava com a força a que me habituei sentir, e o verde das árvores levavam mais cor à tela.
Fui quem desejei, falei com quem não imaginei. Abri a porta para deixar entrar a multidão que afastei por não dar valor.
Ouvi o velho…Deixei falar a criança…Abracei o pequeno adulto…
Sorri para o mundo. Terminei em beleza, dormindo debaixo da mesma estrela que falou comigo, quando mais ninguém existia.
Agradeci o momento de mágoa, e as palavras que ouvi no silêncio.