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Histórias de Vida

Escrevam para catarinaportela86@gmail.com e conte sua a história da sua vida.

Histórias de Vida

Escrevam para catarinaportela86@gmail.com e conte sua a história da sua vida.

Lágrimas de Branco

 

Reina no quarto, um cheiro a álcool etílico, que nos trazem memórias de horrores e dissabores marcantes…
Era um cenário cruel que matava quando se sentia a palidez de uma família agarrada a desconhecidos. A frieza entrava como arrepio em todos os ossos, e barulho de fundo, roubava a vontade de escutar.
 
Forças miúdas lutavam pela vida, num sofrimento atroz, sem entenderem o que as espera. Sem entenderem, o porquê da vida lhes matar os sonhos.
Colocam-lhe a mais árdua tarefa, o mais bárbaro truque de magia:
Fazer de Grande, um pequenino…
Dar força sem a ter…
Engolir lágrimas para não ver chorar…
 
Eles não sabem, não compreendem, não vêem de onde nasce um adulto com apenas aquele tamanho.
Não sabem explicar, como apesar de tudo, são os pequenos que lhe dão a força… quando o contrário, seria mais justo.
 
Eras de todas a mais angelical. De uma pequenez frágil, gritavas auxílio por entre corredores de dor. Tubos transparentes intermináveis esganavam-te a vida, com um líquido sem cor espetado nas veias.
Eles garantiram-te a eternidade, mas ficas-te presa num branco ofuscante.
 
E a criança pediu ajuda calada e já sem forças.
As lágrimas caiem no rosto de uma mãe impotente que agarrava de corpo e alma, a pele macia, os milagres, as excepções, e o sorriso que ainda brotava do anjo que se estendia a seus pés.
O Tempo rouba-lhe um pedaço insubstituível, sem que ela o pudesse travar.
O Pai já não fala. As horas são esquecidas, e os culpados não aparecem.
Olham-se adultos, impotentes. Abraçam-se à saída. E seguem caminhos diferentes com a mesma revolta.
 
Saem do quarto, remando contra mares de sangue, vertendo incapacidades.
A criança, esgotada, chora no quarto pela vida que a mata…
 
Alguém passou, olhou, e limpou lágrimas que mais ninguém via...


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Entre a pureza e a inocência

 

 

Via-se a raiva do vento ciumento que parecia batalhar para que saíssemos de um local pacífico, perfeitamente nosso.
Eram cores mágicas de encantos mil que espelhavam nos teus olhos, com uma imagem de fundo com erva verde, tenra e macia que se mexia insistentemente, e acabava morta na linha do horizonte dando lugar a um azul claro, límpido e sereno.
 
Brincavas com os meus dedos, com a minha barriga. Fazias barulhos estranhos mas adoráveis. E eu sorria. Era um sorriso claro de alegria pura, sem qualquer intenção de agradar, simplesmente espontâneo.
Impressionante, ao teu lado tudo é permissível, desde tentar fazer o pino à vida, até apanhar os monstros existentes no armário.
 
- Vamos ver quem chega primeiro à oliveira, aquela ali, que o tempo já esqueceu!
- Vamos…
 
De mãos dadas como puras crianças. Com o vento a querer arrancar-me o vestido e tu, já cansado de te rires da situação, puxavas-me enquanto eu me equilibrava com dificuldade. Tua energia dava-me forças para chegar contigo a qualquer lado.
Espalhávamos brilho, encanto, adoração...
(Vento, leva estas emoções, leva-as para bem longe!)
 
- Ah ah ah, perdes-te!!!
- Não... Encontrei-te…
 
E um beijo terno, cansado, admirado e apetecido, se soltou para tornar aquele momento simplesmente mágico.
 
Entre a pureza e a inocência, nasceu o mais puro dos sentimentos.



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Coração de Gelo

 

 
Gritas-te, sujaste-me de palavras inúteis, doeu-me a alma só de te ver, mesmo não ouvindo uma palavra tua. Concentrada em teus gestos ásperos que se repetiam. Oscilo em medo, receio que um dia saias da minha vida, dor da insegurança.
 
Lágrimas caíam sem som, não as limpei para que as visses. Olhas-me com a mais pura solidez, mas não me vês! Saíste sem te despedir.
As pernas perderam a força, e caí no chão. Não sei porque fico em ti, sem que me desejes, sem que me toques com carinho, sem que me beijes com amor, sem que me abraces com vontade.
Permaneço apesar de tu não seres nada. Não sei de onde te nasce essa frieza que me congela a esperança de um dia voltarmos a Ser.
 
Imune a qualquer sentimento, desprezas-me a todo o momento, e sei que para ti nada sou… Pedi-te desculpa e nem sei o motivo, sei que só assim ficas, só assim voltas a falar…Pergunto-me se já saíste da minha vida, sem eu me aperceber.
Não sei se fico por ti, se por mim… Sei que mesmo assim não viverias sem a dor que me causas, foi assim desde que te roubaram o coração. Eu assisti a tudo, e não fui capaz de te devolver à vida. Algo Morreu em ti e mataste-me a mim…
 
Ensejo em que vejo aproximar-te, não sei se vens com intenção de me amar, ou de discutir. O coração bate mais depressa... Os teus olhos mudam de expressão, e sem um único motivo, pegas-me na mão e dizes: - Vamos?!
 
E eu fui…
(novamente…)



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Fénix

 

Uma voz ouviu-se ao longe. Não viste o seu rosto, não reconheces-te a voz, não passou de um desconhecido.

A forma como entoava o teu nome, fazia-te estremecer. E numa só palavra de admiração, e com mil e uma lágrimas seguintes, reconheceste-o.
 - Voltas-te?!
 
Era um fantasma, pálido, sem cor nem jeito, mas acima de tudo era um “sem coração” que partiu sem nunca dizer porquê, sem nunca se despedir.
Deixou-te sozinha com um vazio insubstituível.
 
O mundo parou, e não ouvis-te mais nada, nem mais ninguém.
Tudo à tua volta tinha mudado de realidade. Ainda nem sabias definir se era uma enorme alegria contida em lágrimas de felicidade, se essas mesmas lágrimas eram uma mistura de medo de tudo o que se podia passar, após Ele ter sussurrado o teu nome.
 
Eu? Eu calava-o com discussões atrozes e fazia ver o quanto me fez falta.
Eu? Eu falava-lhe do mundo sem Ele e perguntava: - Porquê agora?!
Eu? Eu agarrava-o num abraço forte e nunca mais o deixava partir.
 
Porque Tu sabes o quanto o desejas. O quanto falas-te com Ele à noite, sem que Ele pudesse ouvir… O quanto Ele foi necessário para te levantar quando Tu cais-te. E quantas marcas, quantas feridas ainda abertas, Ele deixou por curar.
Só por isso vale a pena. Pela verdade que não conheces, pelos abraços que não tiveste, pelas palavras que não ouvis-te… pelo tempo que te foi roubado.
 
A Ela, dá-lhe um beijo eterno, diz-lhe que é a mais bela deste mundo, e que sem Ela hoje não eras ninguém. Que ninguém é mais importante neste mundo do que pessoa que te dá vida, e que te cria.
Mas há um vazio, que só pode ser preenchido por Ele, e só Ele te pode fazer descansar as questões que tens em mente, e acalmar o vazio que tens em coração.
Só Ele foi capaz de matar, e agora só Ele pode acordar em Ti, pedaços que já achavas que não reinavam em tua personalidade.
 
E Eu? Eu vou estar aqui para te dar a mão, para te ouvir, para chorar contigo, e para conhecer em ti, pedaços que até hoje ninguém viu.
 
Ver-te renascer das cinzas…
 
(escrito para alguém que encontrou um dos mais valiosos tesouros. Estava simplesmente perdido... o Pai)



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