O Sol lá em cima parece dar-te uns bons dias. Sorris receosa por veres as nuvens a aproximarem-se em passo apresado. Há ventos que não cessam e teimam em aparecer sem nada dizer. Causando-te um arrepio gélido, pois sempre soubeste que seria penosa a tua escalada.
Suspiras e arriscas sem qualquer protecção. Ainda acreditas que devolves à vida tudo o que é fácil e parece difícil.
Para tua surpresa, é complexo todo o processo que seria acessível, e não são as banalidades que encontras no caminho que te fazem fraquejar, mas sim o vento, que te empurra e te derruba sem avisar.
A caminhada a passo lento, traz curiosidade à população, que tanto te avisou que existem caminhos que podem ser alterados. Mas tu não…
Tu tens o capricho do risco, da ganância de superar, de conhecer por ti mesma, realidades que podiam ser evitadas.
Não espero de nada, nem de ninguém. Admito que o trajecto que construo é normalmente o que todos evitam, e mesmo não tendo a alegria inicial de superar o fácil… Tenho a força de tudo o que foi ou será difícil de viver.
Olho a meta longínqua, os olhares admirados da população sobre a minha persistência, os sorrisos cínicos de quem espera a minha queda ou desistência.
Faço o fim sem ele de facto existir, e continuo a edificar inícios sem eles estarem programados.
Não me levantes, pega na minha mão e diz-me que sou capaz. A magia do improvável alcança-me, e não há valor ferido, ou pensamento sofrido que derrube meu Ser.
Entras em mim através de palavras, e através que palavras te podes afastar.
E eu continuarei a levantar-me sozinha…
Permanece a meu lado e eu te mostrarei lugares de meu coração que mais ninguém visitou... Afasta-te e nunca saberás o quanto eu sou, o quanto fui, e o que serias se ficasses.
Quer vás ou fiques, eu já estou.
Não espero por quem não vem, e não fico com quem não está.
O tesouro que guardo foi encontrado, meus segredos revelados, e assim me prendeu…
Foi pela sua maturidade, pelo que faltou crescer, pela forma de desobedecer, pela forma simples de me olhar, pela forma verdadeira de me tocar, pela força que tem em mente, e pela fraqueza que sinto sempre presente.
Por tudo o que é, por tudo o que não é, mas principalmente por ver quem realmente Eu Sou, sem contestar a minha alma, sem fraquejar em momento algum de Nós.
Invejo, invejo sim a sua persistência que me faz acordar em pleno e adormecer em sobressalto.
Não ficarei mais à tua espera.
À espera da palavra, da voz, do auxilio da mente, do calmante da minha essência. Não esperarei mais… porque agora te tenho sempre.
Quem não vê, quem não sente, quem tão pouco entende a minha incoerência de pensar, talvez ainda não encontrou um pedaço seu recalcado, e não sabe despertar para a pureza de conhecer.
Quem peca pela maldade de separar o que os Deuses já uniram, tão pouco conhecem o poder do inexplicável. Tão pouco conhecem de mim e da minha realidade.
Que o vento vos leve, tão depressa quanto vos trouxeram.
Procurais em quem nada vos pode dar.
E que nenhum homem separe, aquilo que os Deuses uniram…
Calar a boca, não pronunciar a palavra. Arrumar o passado num espaço amplo e arejado, equilibrado em separação de tempos, vontades, idades e mentalidades.
Olhar em frente, não voltar atrás. Dar a mão a quem te quer em coração.
Beijei-vos como se vos fosse ver amanhã. Em mente guardei um “Até logo”, “Até já”, mas dos lábios saiu um “Já vou…”.Em retratos vos levo, mas meu coração ficou.
Escondi a lágrima da mais simples dor. Aquela que te prende à vida, e em seguida te dá a proposta de uma ida sem volta, onde brotam sorrisos, beijos apaixonados e “Bons dias” acarinhados.
Vi-te chegar perto, e não pedis-te para ficar, mas foi como se falasses em desespero sem nada dizeres. Como te conheço… pedaço meu!
Não te deixo, levo-te comigo. Não posso viver sem ti, e é grande o meu desalento cada vez que sinto que não estás presente.
Um misto de exaltação por começar longe, com a tristeza de não te ter perto.
Conjunto de alegria partilhada em estado de euforia.
É a necessidade de mudança, para criar esperança. É um mundo novo, um crescimento repleto, onde me completo em Ser. Onde me encontro em passado, presente e futuro. Onde sinto que a minha vida pode ser Tudo.
E Tudo será como sempre sonhei, com degraus que não desejei, mas com a força e a luta a que me habituei.
Com quem preciso do meu lado, com quem quiser ficar, com quem me olhar de forma real.
Recuso seres fúteis, recuso olhares banais, recuso palavras vazias e vozes sem som. Recuso quem não é ninguém…