Menino
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Tu, que me vês a morrer devagarinho, onde já ouço baixinho uma voz que me chama.
Perdem-se as forças, para comer, para falar, perde-se a esperança, de acreditar num amanha, e vem lá dentro aquela luz, aquela raiz que abona, mas já não é forte.
Estou entregue à minha sorte.
Vejo a vida a passar por mim, assim devagarinho, e parece pouco o tempo que tive para estar contigo, para te ver e te sentir.
E sinto que falta tanto por fazer, tantos problemas para resolver.
Preciso de ficar!
Tenho um olhar de despedida, como se cada dia fosse o ultimo. Entro por dentro dos que amo para dizer Adeus… mas as palavras são curtas.
E nem preciso de dizer mais, não…
A mensagem chegou ao destino.
Relembro o vídeo de nascença que vi em casa.
Como tudo começa!
Como eu gostava de estar a nascer, como gostava de voltar atrás.
Entrega-se em mim um medo gélido, de pensar como acaba.
Da dor que vou sentir.
De sofrimento que tenho por vos deixar a todos.
Estou cercado de dores, de cansaço.
E não adianta visitar-me, só me causa mais dor.
Relembrar, e voltar a lembrar que me vêem, e pode ser a ultima vez.
As minhas rugas ainda não são profundas, porque me levas?
Porque não me deixas ficar?
Porque me roubas assim, do meu lugar?!
Se eu pudesse ficar e dizer tudo o que tenho cá dentro.
Se eu pudesse ouvir tudo o que tinham para me dizer, a minha vida teria de certeza outro sentido.
E daria aos outros, outro sentido para viver.
Tempo preso num espaço apertado que te manténs aconchegado a mim.