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Histórias de Vida

Escrevam para catarinaportela86@gmail.com e conte sua a história da sua vida.

Histórias de Vida

Escrevam para catarinaportela86@gmail.com e conte sua a história da sua vida.

Sobreviver :(

 

A vida é um dom, que nasce naquele grito sufocado, de quem procura respirar. A vida é uma dádiva, que começa quando vemos pela primeira vez a Luz. A vida é uma constante alteração de percurso, onde a maior parte das vezes somos somente peões. Meros objectos sem vontade própria, que aceitam, através de um impulso, cumprirem os passos que outros teimaram em criar por Nós. O destino, o obstáculo, os problemas, as desilusões, as surpresas, tudo isto faz com que os nossos projectos sejam somente, improváveis…

 

 

 

Isto não significa que a vida termina. A vida vai perdendo, é aquela cor viva que nos recebeu ao nascer. Deixam de se ouvir as músicas de criança cheias de esperança e de sonhos. Tarde percebemos que aquele caminho por nós pintado, não será daquela forma constante, linear, fácil e rápida. Os cavaleiros perdem-se no meio do nosso amor, os castelos são pequenos e apertados, e a um dia de sorte, segue-se uma semana de rotina, seguido de uma tragédia que é relembrada, anos e anos (talvez até para todo o sempre).

 

 

 

Dar valor a tudo isto? Tudo isto, que é uma mão cheia de nada. Um coração apertado, um nó na garganta, uma lágrima derramada por entre a noite, um pensamento constante no dia de amanhã, um movimento rítmico sufocante de um relógio que não pára!

 

 

 

Pára!!! Pára!!!

 

 

 

Mas o tempo não deixou parar, e a força, terminou. O tédio chegou, mas foi-se rapidamente embora, e a memória invadiu-me a mente. E pensei em ti, nos meus, nos outros, pensei em quem vi hoje, em quem não queria ver. Pensei que hoje seria o último dia. Pensei na Paz que podia nascer de um dia, sem amanhã.

 

 

 

Eu não tive forças, e fiquei aqui mesmo. Aprendi a amar, não as desilusões, ou as quedas, ou os infortúnios. Aprendi a amar o dia em que sobrevivi, o dia em que me deitei, mas amo mais ainda o dia em que me levanto.

 

 

 

 

 

O povo diz, que “para morrer basta estar vivo”. Eu arrisco em dizer, que para viver, devemos aprender a sobreviver…

 

Sobreviver sim, pois de fácil nada tem, mas tem uma magia especial, que não se explica, não se escreve, talvez se sinta, mas nem todos os dias…

 

(para ti, que não tiveste coragem para sobreviver. Que outros vivam (ou sobrevivam) por ti!)

 

 

Catarina Portela

 

A Caixa - História de Vida

 

Estou trancada numa caixa, presa durante o imenso dia, apagada durante a noite. Não há vento que me derrube. Os meus pés estão somente colados ao chão!

Estou bem… Estou bem, aqui neste mundo sem janelas! Estou bem, sem saber se chove ou se está sol! Estou bem quando ouço, lá fora, os risos a entoar, e fazem eco ao longo das intermináveis horas.

O relógio não existe, mas existe aquele beijo de despedida, aquele abraço apertado, aquela voz atrás do telemóvel que repete, vezes sem conta, o quanto me ama, o quanto confia em mim, o quanto sente saudades minhas.

Existe, ou não…

Existe aquele sonho, de abrir a caixa e ver se o céu é assim tão azul, se a lua é assim tão redonda, se a noite é assim tão escura.

Existe aquele sonho em que tu chegas, pegas-me pela mão e os meus pés andam, como se o fizesse sempre… Tu sorris, e perguntas porque estou ali sozinha. Eu olho o chão e digo-te que gosto… Gosto do vazio que sou, do vazio que sinto!

 

Incrédulo pensar que para te amar tenho que sentir que estou bem, sem nada, sem ninguém.

Amar é ter tudo, fazer tudo, dizer tudo, brincar tudo, chorar tudo, ultrapassar tudo!

O Tudo é o limite, e o limite não existe… Reconstrói-se todos os dias!

 

Mas aquela dor… É uma dor que mora na caixa. Mas a caixa não sou eu!

Eu existo, assim como tu! Eu luto, assim como tu!

Luto para te ter…Luto para ser mais contigo…Luto para te sentir comigo…

Para lutar, eu não preciso de ti, nem da caixa, nem do eco das vozes.

Preciso só dessa dor enfiada na caixa!

 

O meu castigo é a distancia…

E nem a distancia é culpa minha…

 

(História de vida de Neuza - nome ficticio)

 

 

Felicidades

O amor nasce no olhar intenso, no toque mágico, no abraço que dura para sempre.

O amor nasce, na palavra que não esperas ouvir, no sorriso que cresce sem se pedir, nas lágrimas de felicidade, num grito de necessidade, na mão que chega antes de pedir.

O amor é eterno, quando pronuncias “aceito”.

Quando prometes a vida.

Quando sabes que para a união, bastam dois corações apaixonados, amantes, conscientes da responsabilidade do “sempre”.

 

Amar é seres de alguém, sem teres que pedir!

Amar é sentires alguém, quando ele não está!

 

Quando tudo isto de funde, e os Amigos ficam ofuscados com a cumplicidade, nada resta senão desejar que o nosso amor seja assim. Cheio de certezas, de projectos, de ambições, de sorrisos largos, de olhares, que sem falar, dizem tudo o que desejávamos ouvir…

 

A Nós, amigos de sempre, só resta dizer, um "Até breve", que a vossa felicidade seja eterna, como vocês são em nossos corações… Eternos…

 

 

Catarina Portela

 

texto pedido pela Dani :) Ideal para completar a prenda dos noivos...

O vento te leva... - História de Vida de Marcus

 

 

 

 

O vento te leva…

 

As pessoas são de facto Insubstituíveis.

Inesquecíveis!

Não há ninguém quem preencha o espaço

este espaço meu.

Somos únicos. Eramos Únicos.

 

Alguém aparece, e possivelmente pode ocupar esse lugar.

Mas não da mesma forma.

Porque o brilho do olhar é diferente,

porque aquela mente é única,

porque aquele jeito de ser é singular,

porque aquela forma de chegar até ti era de facto,

Especial…

 

A dor não vem porque te foste embora,

mas sim porque já não estás aqui.

A dor não é por não falares,

é porque já não me podes ouvir…

A dor não me mata,

nem me torna mais forte. 

A dor, só me faz crescer.

 

Cresço, mas nem bem, nem mal.

Cresço somente, sem ti.

Como se o tivesse de o fazer, por Nós…

 

Esta dor não desaparece,

não se vai embora.

Por mais abraços,

por mais carinho que receba,

por mais apoio

e por mais pessoas que tentem compensar

esse inferno vazio.

 

Arde no interior da tua mente,

não sabes sequer, como parar aquelas lágrimas,

aquela revolta…

Tão tua, tão de ninguém!

 

Quando alguém vai embora da tua vida,

e sabes que é para sempre,

bate a saudade, uma saudade eterna.

 

Primeiro choras, nem que seja baixinho.

Depois limpas as lágrimas para enfrentar o mundo,

aparece alguém que as faz cair, sem falar.

Essa saudade bate com pequenas palavras,

com pequenos gestos que os outros fazem,

e sem intenção,

são memórias de quem já partiu.

 

Bate à porta a injustiça,

a fraqueza,

a cobardia.

No entanto que culpa é que temos,

de nos acharmos desamparados?

E estamos…

Provavelmente estaremos sempre…

 

Ninguém te pode substituir.

Assim como eu já não posso dizer,

 olhos nos olhos,

o quanto te Amo.

Assim como eu já não te posso dizer,

Adeus…

 

Quando estas palavras não se dizem no momento certo,

o vento leva-as.

Não espera por ti!

 

Porque haveria de esperar?

 

O tempo, são meros segundos,

que passam, até a vida terminar.

 

Isto não significa que não vale a pena viver…

Significa que a vida tem mais valor

do que cada um de Nós lhe dá...

 

 

Até sempre…

 

 

 

 

Texto de Catarina Portela

 

Texto inspirado na historia de vida de Marcus. Alguém que não teve tempo de dizer Adeus

 Marcus descobriu que a namorada tinha um tumor no cerebro.

No dia da cirurgia não teve coragem de ir ao hospital.

No dia seguinte lá foi, e era tarde demais.

A sua namorada, faleceu, por complicações na cirurgia...

 

 

 

Esta é uma data com significado especial para mim. 4 anos passaram desde que o meu Pai faleceu.

E já não me resta nada para dizer.

Não porque já não dói.

Mas sim porque já não encontro mais palavras para aquela dor que é só uma, e que já a descrevi de tantas formas.

Hoje resta-me reconhecer essa dor nos outros, que é tão minha...

 

A dor de quem quer um pedaço seu.

Ate sempre, Pai.

 

O Destaque da Sapo

 

Após Anos e Anos e Anos a escrever, no meio de milhões e milhões de Blogs, eis que a SAPO me encontra e me coloca em DESTAQUE :) No meio de tantos blogs que já fiz, foi aquele que menos escrevo que mereceu o Destaque!!! Foi o de poesia...

 

http://pedacosmeus.blogs.sapo.pt/ - PEDAÇOS MEUS

 

A vida surpeende-me, e a Sapo também! :) :) :)

 

Obrigado Sapo.

 

destaque da sapo

Uns segundos para te dizer que te Amo

 

Todo o Pai, começa por ser uma autoridade irrepreensível. Uma ordem que se venera e não se confronta. Pai começa por ser, uma paixão respeitada, uma voz rouca com um pedaço de Nós.

O tempo torna-nos expressivos e manifestadores de uma vontade, que nem sempre é a vontade de quem nos ama. As discussões nascem, e a sensação de incompreensão permanece na mente jovem.

Quando de Jovem já pouco sobra, nasce o orgulho. Um encantamento que resulta da experiencia e da razão que o Pai trazia sempre consigo. Nasce um laço eterno e inquebrável de conforto e sensação de Amor inabalável.

Pai, é muito mais que um amigo. Pai é teu, é só um, é verdadeiro, e leal a tudo o que te fará melhor.

Pai é terno, brincalhão, descontraído, preocupado, consciente e definido. Tudo porque, a partir do momento em que Nós lhes caímos nos braços, o Pai cresceu mais um pouco. O Pai tornou-se finalmente Homem na sua essência mais profunda.

Nós, filhos, somos a metamorfose mais marcada do Amor. Somos a certeza de que alguém luta, alguém vive para nos agradar, para nos fazer feliz.

No entanto ao Pai, só lhe damos o valor merecido, quando de facto ele já não está cá!

Até esse momento chegar, parece sempre que temos uma vida inteira para refazer laços, parece que temos uma vida inteira para lhe dizer que o amamos, parece que temos uma vida inteira para fazer tudo por ele, parece que temos uma vida inteira para recuperar o tempo em que gastamos em momentos fúteis.

No entanto, há um dia em que a consciência nos diz que o mundo evolui rápido, e que não existem horas, ou dias, ou meses, ou anos…

A vida são só uns segundos, segundos que não se refazem…

Apenas desaparecem…

 

No dia 19 de Março, para além da prenda, da visita, do bolo, do jantar, do beijo, espero que lhe digam a palavra que realmente importa. É profunda mas ao mesmo tempo é verdadeiramente valiosa. Digam somente, olhos nos olhos, que o Amam, e que sempre o vão Amar.

Porque Pai há somente um, e certamente que se iram arrepender se não lhe der uns segundos da sua Vida.

A mim resta-me comprar mais um ramo de flores (que ele não pode cheirar!) acompanhado por uma vela (que ele não pode ver!) e dizer de rosto caído postos no chão, que o Amo, e que me arrependo seriamente de não o ter dito enquanto ele ainda o podia ouvir…

Feliz dia do Pai.

 

 

 

Sou e Serei - História de vida de Tânia

 



 

Separação sem jeito, que por defeito meu, nos arrancou um pedaço nosso.

Não, não me peças para escolher, entre ti e o mundo!

Não me peças para viver contigo, de uma forma solitária, ou então sorrir com o mundo completamente vazia.

Quero a conformidade entre ambas as perfeições. Quero o Sol e a Lua, o Céu e o Mar. Quero o doce e o amargo, o leve e o pesado fardo.

Quero, quero sim! Mas por inteiro, sem porquês, sem questões, sem confusões!

 

O amor, não se questiona, não se deforma, não se pede, não se abandona!

O amor não se rasga, não se separa, não se fere.

Para quê aguilhoar-me a ti, prender-me sem dó, num quadro estático, que não te sorri, não grita, não te olha, nem te toca com felicidade?

Para que amarrar-me às palavras negras, escritas num papel limpo, decalcadas a caneta vermelha?

 Para quê se te amo da mesma forma, com todos os defeitos que me definem como tua.

 

Sim Tua!

Tua contigo, Tua sem ti!

Tua quando me cortas a alma, quando me criticas.

Tua quando me beijas, quando me desejas!

 

Sou e serei, a liberdade inexplorada, a mulher de quem me aceitar em coração, a criança que mora no momento eterno da simplicidade desprendida.

Sou e serei a voz que não se cansa, e não se separa, de quem nunca a abandonou.

Sou e serei, incompleta. Tudo porque não me amas a ponto de me aceitares…

 

Amar não é um campo coberto de trigo.

Amar, são hectares de rosas cheias de espinhos…

Muitos abandonam a beleza por não saberem a melhor forma de a tornar eterna!

Tudo seria tão fácil, se juntamente com as qualidades, amasses também os meus defeitos…

 

Catarina Portela

Texto inspirado na história de vida de Tânia (nome fictício).

 

 

Saber Amar

 

Amar não é a ansiedade de estar.

Amar não são as flores que recebes ou ofereces.

Amar não são os beijos do adeus.

Amar não são as promessas do amanha.

 

Amar não é quando me procuras, quando corres até mim.

Amar não são os quilómetros que fazes até chegares, ou o esforço de te levantares para me ver.

Amar não são jóias, nem jantares, nem sequer os olhares que se trocam sem palavras. Amar, não é tocares-me de forma quente.

Amar, não é dizer que me amas.

 

Amar é saber esperar, são pequenos gestos de afecto, sem qualquer desejo de impressionar. É dar sem desejar receber.

Dar porque o seu coração pede, e não por ser o Dia de oferecer.

É o orgulho de permanecer.

Amar são os Beijos de Bom dia, e as conversas do dia a dia.

 

Amar é encontrares-me sem eu desaparecer, não ter que correr.

Afinal, quem ama, não vai embora, e para quê correr se estamos tão perto?!

Amar, é viver em conjunto, à frente das qualidades, atrás dos defeitos…

Amar é deixar o egoísmo.

Amar é guardar um pouco de mim, para deixar um local para maior para o Nós.

Amar, não são saudades. Saudades existem quando alguém parte. No amor há duas pessoas, nenhuma pode partir, pois o amor vai-se embora nesse instante…

Amar é sentir sempre a sua presença, mesmo que ausente.

 

Amar é seres meu sem saberes.

É eu ser tua, sem duvidar.

Amor é para todos.

Saber amar, é só para alguns.

 

Sou mais, sem ti! - História de Vida de Cristina

 

 

Olho as fotografias gastas, que se guardam naquelas gavetas que nunca se abrem. Os teus olhos são doces, carregados de uma expressão que te caracteriza e dá vida àquele momento preso.

Lembram-se os olhares quentes, as mãos firmes de certezas, os beijos cobertos de promessas. Ensejo enamorado, dolorosamente terminado.

Lembram-se as vozes de um anjo que trazia, entre penas brancas e macias, a mensagem que eu tanto ansiava. Mas aquele cupido estancou-me a dor, com uma seta envenenada. Nada do que prometia se concretizava.

 

Cai uma lágrima pelas recordações. Por todas as vezes que ficas-te no meu coração, e por todas as vezes que o destroçaste.

 

A culpa não são dos Deuses em que acreditei, a culpa não é do anjo falso, nem das palavras meigas que me amenizavam a dor.

A culpa é minha, por acreditar que o céu era meu, sem nunca me teres levado até ele.

A culpa é minha, por te deixar livre em meu coração, por deixar alastrar metástases perigosas e letais, até que a minha mente já não pensava, já não sorria… Apenas sofria…

A culpa é minha, porque me dou, sem receber!

Porque amo, sem ser amada!

Porque quero, sem ser verdadeiramente desejada!

 

Hoje sei, que tudo o que foste, já não És.

Tudo o que éramos, já não existe.

Tudo o que resta, são memórias.

Estas memórias existem, para que eu de lembre de pessoas como tu!

 

Pessoas que não existem para nos fazer feliz, para nos amar, para nos fazer sorrir.

Existem só para falar de nós baixinho, apontar no meio da rua, e rir de nós quando não nos podemos defender.

Existem para pensar pela cabeça de outros, sem ter vontade própria.

Existem para nos tornar mais fortes, mais conscientes, e mais mulheres.

 

Existem pessoas como tu, para que eu me lembre, que sou mais!!!

Sou muito mais, sem ti!

 

Catarina Portela

 

Este texto foi baseado na História de Vida de Cristina.

 


 

 

Cristina é uma Jovem, cansada de um rapaz que nunca mais se decide. Tanto a ama, como a deixa sem explicãção. Vem quando lhe apetece, quando se sente só, quando não sofre influências...
Quantos rapazes, homens, e menos homens, não existem com estas caracteristicas?
Mais do que se pensa... Bem mais!

Perfeitamente Incompleto

 

 

Pede-me para eu ficar, para que eu possa partir.

Pede-me para ser feliz, e eu sentirei o mundo cair a meus pés.

Pede-me para eu ser igual, e eu serei eternamente diferente.

 

A perfeição do que fazes contrasta com tudo o que te posso oferecer. Não preciso que me aconselhes, que me corrijas ou que apagues com a borracha, tudo o que eu refiz a lápis de carvão.

Não, não quero aquela caneta de tinta permanente, que me obriga a aceitar o que se fez inicialmente, que tantas vezes são traços sem pensamento.

Não, não quero o corrector que deixa marcas, nem as pegadas do passado espelhadas no céu.

Quero a confusão a que tenho direito! Quero a assimetria que nos torna únicos, e a musica que ninguém ouve.

Quero que me tragas o que não sou capaz de construir, mesmo que não mudes nada em mim. Quero-te tão-somente, assim…

 

Quero-te pedaço de cristal, perfeito, intocável, e transparente, mesmo que frio. Quero ouvir essa palavra que não te cansas de repetir, e os convites que deixas no ar, mesmo sabendo que não haverá coragem para os concretizar.

Quero-te assim, longe, mas constantemente perto. Perfeito, mas imperfeitamente meu. Quero esse pensamento dúbio, essa vontade que não se concretiza.

Quero, pois a mancha do inacabado, é completa dessa forma.

Não será preciso mais, apesar de sentirmos que sim.

Não haverá rancor, ódio, paixão, desejo. Haverá um de nós atrás de uma porta, presente apesar de omitido.

Não é um segredo, pois toda a gente vê, não é injusto pois toda a gente sente, não é incorrecto, pois nada é feito, nada cresce, nada amadurece. Tudo permanece como sempre foi.

 

Perfeitamente incompleto.

 

Não!

Não fiques triste, por eu ser feliz assim…

 

 

Obrigado - História de Vida de Rita

 

 

Eras um sonho de menino, que me mimavas de alegria, e me enchias de nostalgia. Eras um sonho de rapaz, que me colocavas um brilho no olhar, e um sorriso do tamanho do céu. Que me olhavas profundamente, e me tocavas nos cabelos de uma forma tão meiga, que até parecia cruel.

Assim, eu vivia nas nuvens, tu primavas pela passadeira vermelha que colocavas a meus pés.

 

Eu não queria ver o teu lado negro, a faca guardavas no bolso, para me apunhalares pelas costas.

Quando acordei, estava banhada em sangue, coberta de lágrimas, rasgada da vida, amarrotada de ódio!

 

Fizeste-me crescer! Não porque me mataste, mas sim, porque me trocaste! Fizeste-me crescer, por cada dor mal curada, por cada estalo no vazio, por cada palavra que não disseste, por cada acção no silêncio.

 

Eu? Eu levantei-me e caminhei por entre os mortos, e voltei a nascer, com uma nova força.

Disfarcei as cicatrizes que tu causaste, coloquei a alegria dentro do meu peito, e aliei-me a todos os que poderiam ser meus inimigos.

 

Confiei neles, confiei nelas. Confiei porque não via maldade. Confiei porque na verdade, eu não sabia o que era o Homem, e a sujidade que trazia consigo. Confiei sim.

Confiei porque ainda me custa ver, todas as pessoas que me falam, e me querem mal. Ainda me custa acreditar, que o Ser Humano magoa quem lhe faz o bem… Custa-me ver morrer a menina que fui…

 

Promessas foram feitas, mas em vão, pois não foram cumpridas.

Fiquei eu novamente, no canto do mundo, de coração apertado, e lágrimas enchendo os rios.

 

Qual é o feitiço que ele lança. Que permanece para alem do tempo. Basta a presença marcada, um olhar preocupado, um jeito mais terno. E tudo se vai, como se nunca me tivesse agonizado!

 

Hoje digo. Chega!

Chega de acreditar em quem não está ali para nos proteger! Existe no mundo, alguém que só vive para nos ofender, para nos prejudicar.

Ás vezes, esses Seres Malvados estão mais próximo do que imaginamos!

 

No fim agradeço…

Obrigado pelas lágrimas, pelas quedas, pelas desconfianças.

Obrigado pelos desgostos, pelas noites em claro, pela amizade enganada.

Obrigado pelo passado atrofiado, pelos momentos bons, e por todos aqueles que doem só de lembrar…

Obrigado à triste sina, à triste sorte.

Obrigado por me tornarem… mais forte!

 

                                                                                     

História baseada na vida de Rita

 

 


 

 

História de Vida de Gonçalo - Um Momento

 

 

Foi em ti, que vi uma luz. Brilhava mais que o Sol, e aquecia-me mais que o Verão. Foi em ti, que vi o que desejaria para mim. Foi em ti, que tudo vi.

Tu eras Lua que em mim pairava à noite. Eras o sorriso que me fazia acordar a correr. E sem saber como nem porquê, veio o vento e arrancou as pétalas que nos amparavam.  Eu nada fiz, tu pouco disseste, e tudo se desfez rápido. Tão rápido quanto o seu nascimento.

O vento levou as pétalas para bem longe, para que brincássemos às peças perdidas, e as colássemos como se fossem puzzles.

Um motivo para procurar? Tu…

 

Nervoso, batia ritmicamente com a caneta na mesa. O som não me acalmava, mas o desejo de um dia te ter novamente era imenso. Só as palavras podem mudar o rumo do fim, só as acções provam o que vai na alma.

 

Afogado numa chávena de café, em horas que sem fim, me dizem que existes, eu penso:

- O passado era de sabor a chocolate, que se derretia vagarosamente na nossa relação, tornando doces os nossos dias. E como voltaria novamente a esse tempo, sem ser necessário recorrer ao pensamento.

 

Dói-me os momentos em que pensei que não me amavas. Dói-me a indiferença que assombrava o meu espírito. Dói-me só de lembrar que um dia sofri assim. Dói-me todo e qualquer momento sem ti.

 

Há uma tatuagem em minha memória, que marca a tua beleza, e faz com que ela fique eterna em mim.

Sim, foi naquele dia em que a chuva parecia quente, e as gotas eram macias como flocos de neve. Foi nesse dia, que os teus olhos brilharam, mais que nunca, e o teu sorriso molhado se mostrou etéreo.

Foi nesse dia que juntos éramos um só, e um só ficamos. Como se o “Sempre” fosse construído apenas com um momento.

 

Um momento que muda a nossa forma de pensar, e molda-nos consoante esse sentimento. Não sei se é feitiçaria, se é poder, se telepatia, mas é um elo que não quero quebrar.

Quero somente que dure e me faça feliz. Feliz como estou hoje, por te ter sem duvidar que me amas. Por saber que te amo como desejas.

Por saber somente que é amor, e que Ele existe.

 

Catarina Portela

 


 


 
Música pensada pelo Dragão Azul

Lembra-te - História de Vida de Sofia

 

 

Ignora-me!

Ignora-me quando me queres. Ignora-me quando me desejas, quando me pedes que fique, apenas no silêncio.

Fala!

Fala com quem desejas, mesmo que seja para me magoar.

Grita, ri e solta uma gargalhada, seguido de um olhar distraído sobre o ombro dela, só para veres se eu te alcanço ao longe, e se me dói.

 

Lembra-te que um dia, os teus sonhos eram comigo, os teus momentos vazios eram para mim, as tuas palavras eram para me agradar, os teus conselhos eram para me conquistar.

 

Lembra-te, para que eu me possa punir!

Para que eu me castigue hoje e sempre.

Para que eu recorde o teu “cabelo falso”.

Para que eu sinta falta das tuas palavras que nada diziam, mas que apenas hoje sei, que faziam todo o sentido.

Lembra-te para que eu recorde como fui infantil, ao não saber o quanto me fazes falta, o quanto eu fui cruel por não puder corresponder, por não saber enfrentar, por não saber como enfrentar-te.

 

Mas peço-te, que me deixes sofrer ao teu lado, coberta de tudo o que eu não dei valor. Ancorada no teu colo, a recordar todos os momentos que hoje me lembro, que eram tão vazios, e que agora me parecem tão cheios de tudo… Tudo, o que me falta!

 

Vê como as marcas que te deixei, ainda ardem em mim.

Vê como eu própria provei do veneno que te dei, e acabei por morrer bem antes de ti.

Vê que morreria de novo, só para te encontrar do outro lado.

 

Entende só, que eu te espero, hoje, aqui e sempre, como se nunca tivesses ido embora.

 

 

Catarina Portela

 

 

 

História baseada na vida de Sofia

(música roubada ao meu amigo Dragão Azul... foi ele que a "encontrou")

Imagina - História de Vida de Paula

 

 

Imagina que Deus te castiga, que te calca, que te odeia, que te engole a vida, que te desfaz os passos, que te corta os laços.

Imagina que um dia a visão te trai, e te atira para a palidez com cheiro a álcool.

Imagina que jogas às cartas com os idosos e brincas às bonecas com as crianças que sofrem. A pensar que a tua sorte, é a mesma…

E mesmo assim tens muita, por não te doer nada.

Ainda sem saberes que a tua doença não dói assim…

Alguém brinca com a tua vida! Brinca Sim!!!

 

E tu começas a imaginar…

 

Só não consegues imaginar, o belo sorriso que reina naquele branco, que alegra o idoso e a criança, e encanta quem passa, com o seu ar de graça e vivacidade. Dura realidade…

O espaço gélido e o desassossego, movem-na. Não com a fraqueza que teme, mas sim com a esperança de um fim sem retorno…

Pobre logro…

 

Só não consegues imaginar, o dia em que dizem que podes voltar a casa. E voltas, mas não com um sorriso, mas sim com uma lágrima.

Esclerose múltipla, foi o veredicto. Um grito por dentro entoa e permanece durante dias, meses…

Fechou-se em casa.

Chorou.

Sofreu.

Lavou a mente, curou as feridas, e decidiu sorrir novamente…

E ninguém sabe como, nem porquê!

 

Traz a seus ombros, um peso. O peso do medo, da dependência de todos, da compaixão de muitos, a perda de tudo o que ambiciona ter um dia.

No entanto, dança! Dança sim! Melhor que tu!!!

Como? Sei lá!?

 

Deixa que vá alegre, deixa que o sol a ilumine mais, que a chuva lhe esconda as mágoas.

Deixa que a sorte lhe conte um dia, que vale a pena…

Enquanto isso, espera…

 

Ela esperou, Eu esperei, assim como vocês!

Que a doença não se manifestasse, e que nada do que fizesse ou dissesse, se notasse…

E não notou…

 

Uma noite, caíram-lhe pequenas gotas salgadas, e entre palavras magoadas com a vida, soltaram-se notícias por mim inesperadas.

À mãe alertaram-lhe para uma possível doença Alzheimer, e não contente com a saúde daquela família, Deus decide oferecer um cancro ao Pai…

Triste sina que não vai embora. Porque demora a entender o erro?

 

Enquanto outros caminham em mantos macios cheios de tudo, outros caiem em pedras escuras, que lhes pintam a vida de Negro

 

Qual é então, o TEU desespero?

 

O meu? Nenhum…

O teu? Tão pouco…

O Dela? O que conseguires imaginar…

 

 

 

(Paula é força omitida, e frequentemente destemida. É encanto quando brota um sorriso, que não se sabe de onde nasce, apenas se sabe que existe e persiste. De fortes raízes que a prendem à terra, mas com uma flexibilidade de que a permite voar, Paula é um segredo fantástico a desvendar.
Paula é mais que imagens, mais que... frases soltas e letras amarradas. Paula é o ser mais incoerente que conheço, pelo simples facto de dançar quando chora por dentro...

Paula, és um mistério, que me permite questionar:
- Porque é que Deus a testa, e ela ainda o consegue perdoar...)

 

Texto baseado na vida de Paula Branco

 

 

Catarina Portela



 

 

 

Porque a fé é sem dúvida a sua força...

Mais qua amiga, mais que familia, somente Tu - História de Vida de Ana

 

 

Não abriste portas para conhecermos o mundo, abris-te janela para contemplarmos estrelas.

Não criaste lágrimas, mas aguentas-te birras, enquanto enxugavas as gotas salgadas da nossa teimosia, Tu, ainda menina!

Não fizeste pontes mas mostraste-nos todos os caminhos escondidos, deixando-nos sonhar com castelos de encantar…

 

Amor, é esse fruto, que brota enquanto se cuida, que nasce enquanto se vê crescer, que dá, mesmo sem puder…

Carinhos, são esses gestos meigos e ternos que saem do calor da tua mão macia. Toque esse que jamais se esquece. Aparece quase que por magia, sempre que pensávamos no teu nome. Como se fosses a luz que nos guia…

A confiança trazes ao peito, a força que sem jeito desagua em teu coração, não é mais, que a pura protecção.

Atenta, discreta e sempre presente, assim começas-te na nossa vida. Assim invulgar, assim destemida.

És mais que família… (bem mais!)

 

Famílias não são só, os laços de sangue. Famílias são aquelas que não se esquecem de cultivar os sentimentos de união.

Famílias são como correntes inquebráveis, mas que jamais partem com o tempo. Por mais ferrugem que cresça, por mais que rompa e fique gasta, Família é sagrada.

 

Quando nada bate certo. Quando o correcto se mistura com a imperfeição humana. Quando Ser é mais difícil do que Estar. Nessas alturas estavas tu, a olhar por nós. Todos nós.

 

Tu Menina-Mulher, que mesmo antes de construíres um lugar, já fazias parte do nosso lar. Nós de olhos brilhantes, de anseios sem fim, depositamos em ti mais que a infância. Depositamos em ti momentos inesquecíveis, que nunca serão substituídos.

 

Amigos, são asas de condão que pousam uma vez em teu ombro e marcam para sempre a tua mente. Os anos passam, há crianças que nascem, há pessoas que morrem, há um tempo que não volta, há famílias que se desfazem, há pessoas que desaparecem da tua vida.

Tu não…

Porque Nós jamais te diremos Adeus.

 

 

 

(texto baseado num momento da vida de Ana. Dedicado a alguém que ela estima muito e que também a criou. Neste momento vai morar para longe, e ela decidiu dedicar-lhe um pequeno texto...)

Numa separação, Nasce uma união – História de vida de Flávia (nome Fictício)

 

 

Quando o amor acaba, e o fim de aproxima. Quando a dor se anuncia forte e destemida. Quando a sorte não aparece e desiste de quem não se esquece. Que fazer?

Desfazer uma união, guardando no coração todas as melhores recomendações, para afogar discussões?

Bom seria, no entanto uma tempestade baralha as mentes, e inconsequentes são as acções que vão nascer desde então.

 

São os descendentes que sofrem por não os ver juntos, pelas atitudes adolescentes de quem diz ser adulto.

São os descendentes que se vêem divididos a lutar tréguas às quais não pertencem.

Sim são eles, que adoecem… Acamam na incoerência das decisões dos outros. Juram encontrar o amor em outro lar.

 

Apegam-se aos sonhos e ambições e à força que não os deixa abandonar a vida. E nessa confusão e conflitos de vida, cresce então o amor que acalma a agonia.

Para ela, ele é o melhor o mais completo, e aquele que lhe dá alento nas alturas de maior sofrimento. Talvez ele não saiba, nem sequer compreenda, que é com ele que ela sonha, e é só nele que ela pensa.

 

Como Romeu e Julieta, o veneno da separação de seus pais, afasta-os mais do que fisicamente. Brota a desconfiança, a amargura e aquela dor que ainda hoje perdura.

 

O destino o trouxe de novo a ela. No além, ao lado do Sol, a olhar o mar. Numa tranquilidade que os comuns mortais apenas podem sonhar.

Ali estão eles, juntos, como sempre deviam estar. São mais que fortes, mais que adultos, mais que meras discussões. São a certeza de que a dois, tudo será sempre mais fácil.

O sentimento assustador que tanto faz magoar, chama-se amor, e apenas com esse sentimento se constrói um lar.

Quando o amor fica sem vontade, morrem Seres acabados com a saudade. Só a vontade o pode fazer renascer…

 

Pega na minha mão, e apaga as nuvens que me fazem chorar.

Não olhes para trás, se apenas me queres amar…

 

Texto baseado na história de Vida de Flávia (nome fictício)

 

Mais uma adolescente que sofre com o divórcio dos Pais, mais do que com a própria separação, sofre com as consequências que todo o divórcio causa. Aquela néscia mania de usar os descendentes para causar dor entre aquele mundo dos adultos.

Dizem eles que é para “nossa” protecção. Esquecem-se eles que a nossa protecção é a ausência de discussões, e de jogos de agonia para se auto mutilarem…

Com tudo isto, os adolescentes vêem a vida ao contrário, mudam muitas vezes de casa, de terra, obrigados a deixar os amigos e as suas paixões. E nestas idades, sabem lá os pais o que estão a fazer aos seus filhos, naquela que é, “a idade complicada”…

Pensem nisto.

 

Texto escrito por Catarina Portela

 

 

 

 

Desaparecido, mas não Esquecido - História de Vida de Paulina Mouralinho

 

 

O meu irmão.

O teu irmão.

A tua mãe, o teu pai.

O teu primo, tio, avô…

O teu amado.

O teu ombro amigo…

O teu vizinho…

 

“Chama-se João Rui Marques Gomes, nasceu em 26-09-1973, tem 37 anos, é alto (cerca de 1,80), magro, de olhos e cabelo castanhos.”

 

A vida perigosa assusta os passageiros da estrada, que sem ver o que está a sua volta, confiam a sua vida, à sorte.

Perdem-se na caminhada, e deixam para trás uma memória sem rasto.

 

Tudo é farejado, como se de repente policia e famílias estivessem de mãos dadas, até à altura em que um deles baixa os braços. Mas a família não desiste assim… E correm apressados como se a vida e a morte dependessem deles.

Acreditam que podem mudar o mundo e a realidade à sua volta, não por eles, mas sim pelos que amam.

 

Mostram as suas lágrimas ao público que se contorce de dor, e muitos são os que, sem os conhecer, enxugam essas gotas salgadas de amargura. Não será difícil imaginar a insanidade que reina a partir do dia em que nunca mais, se lhe ouviu a voz.

No horário dos aflitos aparecem e desaparecem milhares de pessoas, uns que julgávamos amigos, outros que apenas se tornam parte da família pelo enorme coração que possuem.

 

O que resta da alma dos sobreviventes à tragédia, é como uma taça de cristal, que dá som quando tocada com suavidade com um dedo molhado, é frágil e ao mesmo tempo com a beleza inicial. Contemplada, admirada por todos os que compreendem, ou tentam compreender, a delicada partida que lhes pregou a vida.

 

Em casa, todos os seus objectos são um Templo dos Deuses, adorados e velados. Como se uma igreja se instaura-se, mesmo debaixo do tecto em que se vive.

Ali se sofre, se reza, se chora, e se cala quando se deseja falar.

 

Ali cresceu alguém, viveu alguém, sorriu alguém. Que agora só porque não está, o querem esquecer…

No entanto, ele é apenas um desaparecido, mas não esquecido.

 

Mas podia ser:

 

O meu irmão.

O teu irmão.

A tua mãe, o teu pai.

O teu primo, tio, avô…

O teu amado.

O teu ombro amigo…

O teu vizinho…

 

 

“Chama-se João Rui Marques Gomes, nasceu em 26-09-1973, é alto (cerca de 1,80), magro, de olhos e cabelo castanhos.

Estava a viver em Badajoz quando desapareceu em Fevereiro de 2009. A minha mãe, irmã e eu deixámos de receber qualquer notícia a partir da data anterior.

Como nos damos todos muito bem tem sido uma grande angústia não saber de alguém que amamos e muito.

A minha mãe já foi a Badajoz comunicar à polícia espanhola, também o fez à polícia judiciária em Portugal e até já foi a um programa da Sic já há alguns meses apresentar o caso. Mas  até agora nada se sabe.

Fica sempre a esperança apesar de os dias...meses...ano(s) serem vividos com muita tristeza e ansiedade por uma notícia que não chega.

Bem haja a quem se lembra de casos como estes e constrói um blog/site com uma frase tão verdadeira "desaparecidos mas não esquecidos".

Não sei se é possível colocar uma foto do meu irmão...mas se for fico agradecida.

Com carinho.”

 

Texto de Catarina Portela

Baseado na História de Vida de Paulina Mouralinho

 

(e para que não seja esquecido, é importante lembrar João Rui Marques Gomes…

Copiem o texto, coloquem o autor, divulguem a foto, e passem a mensagem

qualquer noticia contactar a Policia Judiciária)

 

 



 

 

Assim farei, um dia... história de vida de Sara Freitas

 

Chovia nesse dia, torrencialmente, como se não existisse um amanha. Como se os Deuses chorassem por ti, como se avisassem os comuns mortais de um dia fatal.

 

Dois deles eram, equitativamente iguais, mas apenas um me ouvia e me falava de uma forma mágica. Apenas ele me saciava a mente como se me envolvesse em seda. Foi esse que os Deuses me roubaram…

 

Já não se ouvem palavras, já não tenho o teu ombro, somente se ouvem lágrimas a cair do meu rosto, e a mergulharem na almofada.

Trazias-me calma, alento e alegria, e eu dei-te amor, desejos e projectos. Ficamos somente descobertos para a vida, e eu com tanto ainda para te contar…

O meu Amor, o meu Amigo.

 

Perdido entre oceanos de tormento, abres os braços para me receberes. Eu quero ir, mas o céu separa-te de mim, e a terra acorrenta-me à vida. Eu grito, contorço-me de raiva, amarro na injustiça, e nada vale a pena…

 

Sinto-te perto. Como se nunca me tivesses deixado. No sussurrar do silêncio te encontro, e aí mesmo me perco.

Perco-me em ti, como se existisses. Como se daqui a algum tempo nos voltássemos a encontrar. Como da ultima vez, inesperadamente, por entre os caracteres de uma qualquer tecnologia.

Eu encontro-te, um dia… Não entre botões e barulhos, não entre escolinhas do passado, mas sim na eternidade de um dia sem fim.

Enfim, sós. Eternamente sós…

 

Um pedaço de terra bebeu-te a vida. Desamparou meus afagos e esqueceu-se que existo…

Um pedaço de terra levou-te de mim, mas não quer que chore, quer que sorria…

 

E assim farei...Um dia…

Assim farei…

 

 

Texto baseado na vida de Sara Freitas

Em memória de André Sousa que faleceu com 13 anos num acidente de automóvel.

 

 

 

 

Equilíbrio - História de Vida de Joana Rosa

 

 

A inocência curta e justa, corre por entre intervalos, indecisa.

Será que te beije na face? Será que espere pelo teu enlace?

 

Namoro contigo, namoro sim! Namoro porque sei que gosto de ti. Assim, como quem esconde um segredo, que é meu por direito!

Tu, sem jeito brincas com a pureza que trago, e sem razão discuto pela relação que não existe…

 

Começa a história de amor de uma vida.

 Sina de menina, que ainda em criança amava, e amo… Amo sim!

 

Diz-se que é uma luz intensa que ilumina os nossos amados, e que é assim que os vemos enquanto crianças. Brilhantes, os nossos cavaleiros que sem espadas, travam monstros.

Depressa, estou inquieta por crescer!

 

Crescemos, crescemos, juntos como se unidos por Deus. E discutimos, discutimos, como se Satanás nos invejasse pelo que nos une.

Ano após ano. Primavera atrás de Primavera.

 

A chuva caí, molha a areia do chão, e o mar não parece feliz.

Nós estamos. Não estamos amor?

Nós estamos felizes.

 

Vá, não me deixes só, após todos estes anos de partilha.

 

Sei que peco, e tu também. Chama-se rotina, a que teimo em chamar previsão dos acontecimentos. O tempo tira-nos a capacidade de nos surpreender. Mas querido! São tantos anos… tantos.

Como não entendes que o tempo também mata?!

Mata… Mas mata mais depressa não te ter.

 

Imagina o que é apagar da memória toda uma vida. Imagina que em crianças não nos encontramos… Imagina que naquele dia não choveu no mar. Imagina que as primaveras não apareceram…

Para tudo isso, tens que imaginar somente, que não existimos.

 

No dia em que te vi, alguém sorriu no céu.

No dia em que te perdi, caiu uma lágrima de Deus.

No dia em que voltares, entrará em equilíbrio a Terra e o Olimpo.

Não são só palavras, é o que sinto…

 

 

Texto baseado na vida de Joana Rosa...

 

Sacrilégio - HISTÓRIA DE VIDA

 

 

Amar é prender-te a mim. Alimentar correntes, que sem dor, te fazem ficar. Amar é ter-te de forma invisível amarrada a meu peito. Amar é o teu nome, soletrado vagarosamente, como quem espera sem pressa...

Amar são espaços preenchidos com gosto de estar, são desejos em conjunto e projecção de outro dia. Amar é quando gostas de lhe ouvir a voz, sem saber o que diz. Amar é ânsia do toque que nunca chega, nunca mais chega...

 

Amo-te, sem saber definir o porquê. Mentiria se tentasse atribuir características físicas, como ao teu cabelo que flutua caindo pelos ombros, aos teus lábios que não sinto, mas que espero por rotina insistente, que me levem  até ti. Aquela rotina que não cansa, porque te tenho, sem te ter.

É suficiente para mim. Muitos se enganam aqueles que pensam que sou infeliz por esperar…

Espero sem noção, apenas sentindo-te perto, criando pontes em espaços onde não existes. Pontes proibidas.

 

Desculpa-me se te sufoco, se te tiro vida e qualidade de existência quando, sem te pedir que fiques, exijo que não vás.

Desculpa-me se me assusto com as tuas ameaças do fim. Se me tiras o folgo, não com o beijo que não prometes, mas com o tempo que me roubas em pensamento.

Desculpa-me se choro com o fim que eu próprio criei, que tardamente esconde a sombra do teu rosto. Triste me diz adeus e se afasta, quando apenas te desejei perto.

 

Amar é prender-te a mim. Alimentar correntes que sem dor te fazem ficar. Amar é ter-te de forma invisível amarrada a meu peito… Invisível, meus sentidos.

Amar-te é esconder de ti o que sinto. Ter-te é apenas gostar de ti, e mais que isso, é um sacrilégio que condenas.

Amigo é o que permites, amigo é o que serei.

Até sempre...

 

 

(texto de Catarina Portela)

 

História de Vida baseada em factos reais da vida de JOEL