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Histórias de Vida

Escrevam para catarinaportela86@gmail.com e conte sua a história da sua vida.

Histórias de Vida

Escrevam para catarinaportela86@gmail.com e conte sua a história da sua vida.

A Caixa - História de Vida

 

Estou trancada numa caixa, presa durante o imenso dia, apagada durante a noite. Não há vento que me derrube. Os meus pés estão somente colados ao chão!

Estou bem… Estou bem, aqui neste mundo sem janelas! Estou bem, sem saber se chove ou se está sol! Estou bem quando ouço, lá fora, os risos a entoar, e fazem eco ao longo das intermináveis horas.

O relógio não existe, mas existe aquele beijo de despedida, aquele abraço apertado, aquela voz atrás do telemóvel que repete, vezes sem conta, o quanto me ama, o quanto confia em mim, o quanto sente saudades minhas.

Existe, ou não…

Existe aquele sonho, de abrir a caixa e ver se o céu é assim tão azul, se a lua é assim tão redonda, se a noite é assim tão escura.

Existe aquele sonho em que tu chegas, pegas-me pela mão e os meus pés andam, como se o fizesse sempre… Tu sorris, e perguntas porque estou ali sozinha. Eu olho o chão e digo-te que gosto… Gosto do vazio que sou, do vazio que sinto!

 

Incrédulo pensar que para te amar tenho que sentir que estou bem, sem nada, sem ninguém.

Amar é ter tudo, fazer tudo, dizer tudo, brincar tudo, chorar tudo, ultrapassar tudo!

O Tudo é o limite, e o limite não existe… Reconstrói-se todos os dias!

 

Mas aquela dor… É uma dor que mora na caixa. Mas a caixa não sou eu!

Eu existo, assim como tu! Eu luto, assim como tu!

Luto para te ter…Luto para ser mais contigo…Luto para te sentir comigo…

Para lutar, eu não preciso de ti, nem da caixa, nem do eco das vozes.

Preciso só dessa dor enfiada na caixa!

 

O meu castigo é a distancia…

E nem a distancia é culpa minha…

 

(História de vida de Neuza - nome ficticio)

 

 

Felicidades

O amor nasce no olhar intenso, no toque mágico, no abraço que dura para sempre.

O amor nasce, na palavra que não esperas ouvir, no sorriso que cresce sem se pedir, nas lágrimas de felicidade, num grito de necessidade, na mão que chega antes de pedir.

O amor é eterno, quando pronuncias “aceito”.

Quando prometes a vida.

Quando sabes que para a união, bastam dois corações apaixonados, amantes, conscientes da responsabilidade do “sempre”.

 

Amar é seres de alguém, sem teres que pedir!

Amar é sentires alguém, quando ele não está!

 

Quando tudo isto de funde, e os Amigos ficam ofuscados com a cumplicidade, nada resta senão desejar que o nosso amor seja assim. Cheio de certezas, de projectos, de ambições, de sorrisos largos, de olhares, que sem falar, dizem tudo o que desejávamos ouvir…

 

A Nós, amigos de sempre, só resta dizer, um "Até breve", que a vossa felicidade seja eterna, como vocês são em nossos corações… Eternos…

 

 

Catarina Portela

 

texto pedido pela Dani :) Ideal para completar a prenda dos noivos...

O vento te leva... - História de Vida de Marcus

 

 

 

 

O vento te leva…

 

As pessoas são de facto Insubstituíveis.

Inesquecíveis!

Não há ninguém quem preencha o espaço

este espaço meu.

Somos únicos. Eramos Únicos.

 

Alguém aparece, e possivelmente pode ocupar esse lugar.

Mas não da mesma forma.

Porque o brilho do olhar é diferente,

porque aquela mente é única,

porque aquele jeito de ser é singular,

porque aquela forma de chegar até ti era de facto,

Especial…

 

A dor não vem porque te foste embora,

mas sim porque já não estás aqui.

A dor não é por não falares,

é porque já não me podes ouvir…

A dor não me mata,

nem me torna mais forte. 

A dor, só me faz crescer.

 

Cresço, mas nem bem, nem mal.

Cresço somente, sem ti.

Como se o tivesse de o fazer, por Nós…

 

Esta dor não desaparece,

não se vai embora.

Por mais abraços,

por mais carinho que receba,

por mais apoio

e por mais pessoas que tentem compensar

esse inferno vazio.

 

Arde no interior da tua mente,

não sabes sequer, como parar aquelas lágrimas,

aquela revolta…

Tão tua, tão de ninguém!

 

Quando alguém vai embora da tua vida,

e sabes que é para sempre,

bate a saudade, uma saudade eterna.

 

Primeiro choras, nem que seja baixinho.

Depois limpas as lágrimas para enfrentar o mundo,

aparece alguém que as faz cair, sem falar.

Essa saudade bate com pequenas palavras,

com pequenos gestos que os outros fazem,

e sem intenção,

são memórias de quem já partiu.

 

Bate à porta a injustiça,

a fraqueza,

a cobardia.

No entanto que culpa é que temos,

de nos acharmos desamparados?

E estamos…

Provavelmente estaremos sempre…

 

Ninguém te pode substituir.

Assim como eu já não posso dizer,

 olhos nos olhos,

o quanto te Amo.

Assim como eu já não te posso dizer,

Adeus…

 

Quando estas palavras não se dizem no momento certo,

o vento leva-as.

Não espera por ti!

 

Porque haveria de esperar?

 

O tempo, são meros segundos,

que passam, até a vida terminar.

 

Isto não significa que não vale a pena viver…

Significa que a vida tem mais valor

do que cada um de Nós lhe dá...

 

 

Até sempre…

 

 

 

 

Texto de Catarina Portela

 

Texto inspirado na historia de vida de Marcus. Alguém que não teve tempo de dizer Adeus

 Marcus descobriu que a namorada tinha um tumor no cerebro.

No dia da cirurgia não teve coragem de ir ao hospital.

No dia seguinte lá foi, e era tarde demais.

A sua namorada, faleceu, por complicações na cirurgia...

 

 

 

Esta é uma data com significado especial para mim. 4 anos passaram desde que o meu Pai faleceu.

E já não me resta nada para dizer.

Não porque já não dói.

Mas sim porque já não encontro mais palavras para aquela dor que é só uma, e que já a descrevi de tantas formas.

Hoje resta-me reconhecer essa dor nos outros, que é tão minha...

 

A dor de quem quer um pedaço seu.

Ate sempre, Pai.

 

Uns segundos para te dizer que te Amo

 

Todo o Pai, começa por ser uma autoridade irrepreensível. Uma ordem que se venera e não se confronta. Pai começa por ser, uma paixão respeitada, uma voz rouca com um pedaço de Nós.

O tempo torna-nos expressivos e manifestadores de uma vontade, que nem sempre é a vontade de quem nos ama. As discussões nascem, e a sensação de incompreensão permanece na mente jovem.

Quando de Jovem já pouco sobra, nasce o orgulho. Um encantamento que resulta da experiencia e da razão que o Pai trazia sempre consigo. Nasce um laço eterno e inquebrável de conforto e sensação de Amor inabalável.

Pai, é muito mais que um amigo. Pai é teu, é só um, é verdadeiro, e leal a tudo o que te fará melhor.

Pai é terno, brincalhão, descontraído, preocupado, consciente e definido. Tudo porque, a partir do momento em que Nós lhes caímos nos braços, o Pai cresceu mais um pouco. O Pai tornou-se finalmente Homem na sua essência mais profunda.

Nós, filhos, somos a metamorfose mais marcada do Amor. Somos a certeza de que alguém luta, alguém vive para nos agradar, para nos fazer feliz.

No entanto ao Pai, só lhe damos o valor merecido, quando de facto ele já não está cá!

Até esse momento chegar, parece sempre que temos uma vida inteira para refazer laços, parece que temos uma vida inteira para lhe dizer que o amamos, parece que temos uma vida inteira para fazer tudo por ele, parece que temos uma vida inteira para recuperar o tempo em que gastamos em momentos fúteis.

No entanto, há um dia em que a consciência nos diz que o mundo evolui rápido, e que não existem horas, ou dias, ou meses, ou anos…

A vida são só uns segundos, segundos que não se refazem…

Apenas desaparecem…

 

No dia 19 de Março, para além da prenda, da visita, do bolo, do jantar, do beijo, espero que lhe digam a palavra que realmente importa. É profunda mas ao mesmo tempo é verdadeiramente valiosa. Digam somente, olhos nos olhos, que o Amam, e que sempre o vão Amar.

Porque Pai há somente um, e certamente que se iram arrepender se não lhe der uns segundos da sua Vida.

A mim resta-me comprar mais um ramo de flores (que ele não pode cheirar!) acompanhado por uma vela (que ele não pode ver!) e dizer de rosto caído postos no chão, que o Amo, e que me arrependo seriamente de não o ter dito enquanto ele ainda o podia ouvir…

Feliz dia do Pai.

 

 

 

Sou e Serei - História de vida de Tânia

 



 

Separação sem jeito, que por defeito meu, nos arrancou um pedaço nosso.

Não, não me peças para escolher, entre ti e o mundo!

Não me peças para viver contigo, de uma forma solitária, ou então sorrir com o mundo completamente vazia.

Quero a conformidade entre ambas as perfeições. Quero o Sol e a Lua, o Céu e o Mar. Quero o doce e o amargo, o leve e o pesado fardo.

Quero, quero sim! Mas por inteiro, sem porquês, sem questões, sem confusões!

 

O amor, não se questiona, não se deforma, não se pede, não se abandona!

O amor não se rasga, não se separa, não se fere.

Para quê aguilhoar-me a ti, prender-me sem dó, num quadro estático, que não te sorri, não grita, não te olha, nem te toca com felicidade?

Para que amarrar-me às palavras negras, escritas num papel limpo, decalcadas a caneta vermelha?

 Para quê se te amo da mesma forma, com todos os defeitos que me definem como tua.

 

Sim Tua!

Tua contigo, Tua sem ti!

Tua quando me cortas a alma, quando me criticas.

Tua quando me beijas, quando me desejas!

 

Sou e serei, a liberdade inexplorada, a mulher de quem me aceitar em coração, a criança que mora no momento eterno da simplicidade desprendida.

Sou e serei a voz que não se cansa, e não se separa, de quem nunca a abandonou.

Sou e serei, incompleta. Tudo porque não me amas a ponto de me aceitares…

 

Amar não é um campo coberto de trigo.

Amar, são hectares de rosas cheias de espinhos…

Muitos abandonam a beleza por não saberem a melhor forma de a tornar eterna!

Tudo seria tão fácil, se juntamente com as qualidades, amasses também os meus defeitos…

 

Catarina Portela

Texto inspirado na história de vida de Tânia (nome fictício).

 

 

Arco - Íris

 

 

 

Um sorriso rasgado perpetua mais tempo do que seria esperado.

Isto não significa que te tenha esquecido, significa só, que já não dói quando me lembro de ti.

Quando ouço a tua voz, tudo o resto é barulho de fundo.

O coração aperta como se nervosa estivesse, mas a minha voz já não treme, e o olhar já se prende, sem o rosto corar…

 

Por detrás de uma palavra que toca no coração, existe o muro que nos separou. Já não se trepam árvores, nem se remam pelos rios atribulados.

Agora só se vêem barcos a passar. Cada um de nós observa, só que de margens do rio, diferentes.

 

O rio corre, o barco desce o rio, e eis que o olhar se cruza:

- É ele!

-É ela!

 

Mais um sorriso nasce do nada.

A mão levanta, e sacode-se, como se desenhasse insistentemente aquele arco-íris que reinou nas nossas vidas,

Da outra margem, o movimento repete-se…

 

Um volta as costas, com a sensação de dever cumprido…

O outro ainda lança um beijo, que já não foi visto.

Baixa a cabeça, e volta-se a sentar.

No som calado do pôr-do-sol, ouve-se um suspiro…

 

 

Saber Amar

 

Amar não é a ansiedade de estar.

Amar não são as flores que recebes ou ofereces.

Amar não são os beijos do adeus.

Amar não são as promessas do amanha.

 

Amar não é quando me procuras, quando corres até mim.

Amar não são os quilómetros que fazes até chegares, ou o esforço de te levantares para me ver.

Amar não são jóias, nem jantares, nem sequer os olhares que se trocam sem palavras. Amar, não é tocares-me de forma quente.

Amar, não é dizer que me amas.

 

Amar é saber esperar, são pequenos gestos de afecto, sem qualquer desejo de impressionar. É dar sem desejar receber.

Dar porque o seu coração pede, e não por ser o Dia de oferecer.

É o orgulho de permanecer.

Amar são os Beijos de Bom dia, e as conversas do dia a dia.

 

Amar é encontrares-me sem eu desaparecer, não ter que correr.

Afinal, quem ama, não vai embora, e para quê correr se estamos tão perto?!

Amar, é viver em conjunto, à frente das qualidades, atrás dos defeitos…

Amar é deixar o egoísmo.

Amar é guardar um pouco de mim, para deixar um local para maior para o Nós.

Amar, não são saudades. Saudades existem quando alguém parte. No amor há duas pessoas, nenhuma pode partir, pois o amor vai-se embora nesse instante…

Amar é sentir sempre a sua presença, mesmo que ausente.

 

Amar é seres meu sem saberes.

É eu ser tua, sem duvidar.

Amor é para todos.

Saber amar, é só para alguns.

 

Perfeitamente Incompleto

 

 

Pede-me para eu ficar, para que eu possa partir.

Pede-me para ser feliz, e eu sentirei o mundo cair a meus pés.

Pede-me para eu ser igual, e eu serei eternamente diferente.

 

A perfeição do que fazes contrasta com tudo o que te posso oferecer. Não preciso que me aconselhes, que me corrijas ou que apagues com a borracha, tudo o que eu refiz a lápis de carvão.

Não, não quero aquela caneta de tinta permanente, que me obriga a aceitar o que se fez inicialmente, que tantas vezes são traços sem pensamento.

Não, não quero o corrector que deixa marcas, nem as pegadas do passado espelhadas no céu.

Quero a confusão a que tenho direito! Quero a assimetria que nos torna únicos, e a musica que ninguém ouve.

Quero que me tragas o que não sou capaz de construir, mesmo que não mudes nada em mim. Quero-te tão-somente, assim…

 

Quero-te pedaço de cristal, perfeito, intocável, e transparente, mesmo que frio. Quero ouvir essa palavra que não te cansas de repetir, e os convites que deixas no ar, mesmo sabendo que não haverá coragem para os concretizar.

Quero-te assim, longe, mas constantemente perto. Perfeito, mas imperfeitamente meu. Quero esse pensamento dúbio, essa vontade que não se concretiza.

Quero, pois a mancha do inacabado, é completa dessa forma.

Não será preciso mais, apesar de sentirmos que sim.

Não haverá rancor, ódio, paixão, desejo. Haverá um de nós atrás de uma porta, presente apesar de omitido.

Não é um segredo, pois toda a gente vê, não é injusto pois toda a gente sente, não é incorrecto, pois nada é feito, nada cresce, nada amadurece. Tudo permanece como sempre foi.

 

Perfeitamente incompleto.

 

Não!

Não fiques triste, por eu ser feliz assim…

 

 

Obrigado - História de Vida de Rita

 

 

Eras um sonho de menino, que me mimavas de alegria, e me enchias de nostalgia. Eras um sonho de rapaz, que me colocavas um brilho no olhar, e um sorriso do tamanho do céu. Que me olhavas profundamente, e me tocavas nos cabelos de uma forma tão meiga, que até parecia cruel.

Assim, eu vivia nas nuvens, tu primavas pela passadeira vermelha que colocavas a meus pés.

 

Eu não queria ver o teu lado negro, a faca guardavas no bolso, para me apunhalares pelas costas.

Quando acordei, estava banhada em sangue, coberta de lágrimas, rasgada da vida, amarrotada de ódio!

 

Fizeste-me crescer! Não porque me mataste, mas sim, porque me trocaste! Fizeste-me crescer, por cada dor mal curada, por cada estalo no vazio, por cada palavra que não disseste, por cada acção no silêncio.

 

Eu? Eu levantei-me e caminhei por entre os mortos, e voltei a nascer, com uma nova força.

Disfarcei as cicatrizes que tu causaste, coloquei a alegria dentro do meu peito, e aliei-me a todos os que poderiam ser meus inimigos.

 

Confiei neles, confiei nelas. Confiei porque não via maldade. Confiei porque na verdade, eu não sabia o que era o Homem, e a sujidade que trazia consigo. Confiei sim.

Confiei porque ainda me custa ver, todas as pessoas que me falam, e me querem mal. Ainda me custa acreditar, que o Ser Humano magoa quem lhe faz o bem… Custa-me ver morrer a menina que fui…

 

Promessas foram feitas, mas em vão, pois não foram cumpridas.

Fiquei eu novamente, no canto do mundo, de coração apertado, e lágrimas enchendo os rios.

 

Qual é o feitiço que ele lança. Que permanece para alem do tempo. Basta a presença marcada, um olhar preocupado, um jeito mais terno. E tudo se vai, como se nunca me tivesse agonizado!

 

Hoje digo. Chega!

Chega de acreditar em quem não está ali para nos proteger! Existe no mundo, alguém que só vive para nos ofender, para nos prejudicar.

Ás vezes, esses Seres Malvados estão mais próximo do que imaginamos!

 

No fim agradeço…

Obrigado pelas lágrimas, pelas quedas, pelas desconfianças.

Obrigado pelos desgostos, pelas noites em claro, pela amizade enganada.

Obrigado pelo passado atrofiado, pelos momentos bons, e por todos aqueles que doem só de lembrar…

Obrigado à triste sina, à triste sorte.

Obrigado por me tornarem… mais forte!

 

                                                                                     

História baseada na vida de Rita

 

 


 

 

Antes te levasse consigo!

 

Agarra-me debaixo da chuva fria. Deixa-me ver as gotas a deslizar pelo teu rosto. Deixa-me sentir o teu corpo tremer, junto ao meu.

Agarra o tempo que não espera. Aprisiona-o na caixa de Pandora, onde ninguém nos virá procurar.

Um carro passa e desconcentra-nos o silêncio.

Puxas-me para o abrigo e dizes-me para aguardar. Desapareces-te por entre a água…

No regresso trazias uma caixa, deslizavas suavemente por entre a estrada, como quem guarda cristal. Como quem segura numa criança.

 

Levantei-me mas tu desejas-te que permanecesse assim mesmo. Tiras-te de lá um cobertor quentinho, dois copos, um termo com água quente mais uns torrões de açúcar.

A caixa serviu de mesa. As carteirinhas de chã, juntos com aquela água quente, eram um mero aconchego. A manta, era somente o que nos unia. E eu e tu, a partilhar o mesmo desconforto, era o começo de uma vida.

 

Éramos apaixonados sem medo de amar. Apaixonados sem dores e mágoas. Éramos apaixonados pelo sentimento gracioso, etéreo. Sensações assim, não aparecem a toda a hora, portanto é bom fazer loucuras enquanto a pureza se encontra a morar no coração. Enquanto não é lerdo, ou estranho, ou anormal. Enquanto o mundo é limitado e irracional.

 

Cedo, o cobertor que nos cobria, começou a servir apenas para nos aquecer, e o chã com sabor a maça - canela deixou de ser quente e doce.

Alguém abriu a caixa de Pandora, descobriu o que fomos, matou o que éramos e desapareceu com o que eras.

 

Antes te levasse consigo! Mas não. Como castigo aguilhoaste-me a teu lado, e a mesa de cartão, deixou de segurar o calor. Transformou-se numa pedra fria que apenas servia para nos unirmos à mesa, distantes do tempo em que nos abraçávamos sem pedir.

 

Antes te levasse consigo, para eu apenas conhecer a dor de uma memória. Assim vivo todos os dias, com o cheiro da incapacidade de te ver sair. Sem vontade de ficar contigo, sem vontade de te mandar embora.

 

Só aquela chuva, permaneceu presa na Caixa de Pandora.

 

Catarina Portela

O brilho do teu Olhar...

Não sabes o que pensa quando te beija. Não sabes que é comigo que ele sonha à noite. Não sabes que é a mim que ele deseja em silêncio.

 

Não digas que não sentes os olhos vazios, o mutismo que corta, os muros que constrói para te esconder a verdade.

Não digas que não reparas no entusiasmo do dia, para não te ver à noite. Não digas que ele não se distrai. Que não pega num qualquer brinquedo para se esquecer desse tecto.

Não digas que não sai da porta sem saber quando volta.

Não digas, absorve!

 

Dilui a dor, para que não corte como facas.

Dilui para que não sintas o gelo do seu olhar, a indiferença que esconde com o sorriso.

Ele, que não diz que te quer…

Ele que não te beija quando desejas.

Ele que, acredita, não tem saudades tuas…

Não te espera, não corre para te ver. Não me consegue esquecer…

 

Mesmo assim… Mesmo assim, tu acordas com a mesma sensação de que foram feitos para viver juntos.

Mesmo assim choras para que um dia a tua esperança não seja em vão. Esperas incessantemente para que um dia Aprenda a amar-te.

Amar todos os dias, e não em dias alternados…

Amar a toda a hora, e não em escassos momentos…

Amar, somente amar. Com tudo o que tens direito.

 

És tu que sofres as angústias da rejeição, tu que sacrificas do teu dom, para fazer um lar perfeito. És tu que dás de ti, mais do que tens, mais do que deves, mais do que um dia achas-te possível. E por isso, ele fica, porque ele sabe.

 

Mas tu não sabes qual o erro…

O erro é da perfeição que desejamos.

A vida matou-o outrora, e tu apenas lhe deste vida. Ele, eterno de gratidão, fica contigo.

Fica e sorri.

Apesar de tudo o teu brilho do olhar dá-lhe alento. E tu estás no caminho certo, ele… Ele é que não…

 

Como pode assim ser?

Pode sim, quando Deus nos decide esquecer…



Esperei-te, no Horizonte.

 

Proclamo a minha razão de declamar o teu nome sem te pedir permissão. Anda, caminha até mim! Depressa, antes que o vento te leve. Depressa antes que a chuva te molhe. Depressa antes que o véu caía e eu só veja em ti, o mesmo que em todos os demais.

Agarra-me enquanto sonho. Eleva-me enquanto posso. Prende-me lá no alto e deixa-me corromper em fantasias.

Não tires a mascara.

Não mostres o rosto. …

 

Ainda não foste embora? Porque ficas?

Vejo-te despido de preconceitos, de etiquetas e manias. Vejo-te a sorrir, ouvi-te a chorar, abracei-te e ali ficamos, a contemplar o que somos.

Em silêncio descubro olhares que me fazem suspirar durante o dia, e que me inquietam durante a noite. Em silêncio te aproximas.  Em silêncio dizes que vais.

Não pergunto se voltas…

Só vais voltar se o desejares. E o vazio das palavras disse-me que ainda deixas-te muito por dizer.

Eu espero.

Onde?

Perto do céu. Sentada na linha do horizonte, a ver-te chegar de barco. Fazes cócegas quando remas em meu sentido. E ficam cada vez mais intensas. Chegas quando o sol se foi. Quando as estrelas não dizem nada, e a lua nos escuta.

É calado que te vou conhecendo. Todo o resto do que és, é apenas complemento da vida, por isso te ouço, quando mais ninguém fala, quando mais ninguém está.

É nessa hora que és meu sem ninguém. É nesse momento que és mais do que desejei.

Os Deuses perguntam: -Quem os Uniu?

Esconde-se o Destino, debaixo da palavra que tudo disse, e do olhar que me agarrou para sempre.

Olhou-me ao longe, sorriu levemente como quem se despede com um "até breve".

Nos seus lábios consegui ler...

"Não encontras melhor"

 

 Em verdade consenti, "o melhor" não é o que o mundo escolhe por mim, ou Deus, ou o Destino. 

O Melhor, só eu posso escolher.

 

 

Um Príncipe sem Nome

 

Eu procuro um Príncipe que viva na mesma estrada onde eu caminho todos os dias, e não tenha barcos para remar contra a maré.

 

Prefiro um Príncipe que chore desesperadamente, e me peça para ficar, do que aquele que desiste antes de começar a lutar.

Eu quero aquele que se derrete em momentos sem hora, e me abraça sem demora num tempo nosso, que não se vê. Aquele que não dá quando quero, dá quando menos espero. Aquele que me faz disputar todos os dias para ser desejada por ele, e arranca de mim lágrimas de projectos ansiados.

 

Eu tenho aquilo que procuro, e corro atrás do que sei que me pertence.

Não espero por quem não quer ficar. Não choro por quem não me amar, mas chorarei sempre pelos que já amei.

Vou embora quando sei que não vale a pena, quando a esperança já não serve de nada, e o olhar é escravo e desabitado, como se o amor nunca tivesse existido.

Não luto em batalhas que não tem sentido, não desespero por pequenas aventuras, mas irrito-me com pormenores. Aqueles que fazem toda a diferença, não hoje, mas amanhã.

 

Não apago memórias desagradáveis, apesar da vontade ser, não as lembrar. Guardo-as num palácio, aquele palácio onde vivem princesas de encantar. Onde a Meninice, com varinhas de condão de mil cores, pega em recordações e transforma-as em maturidade. Sou a Princesa sem cortesias e manias, que sabe apenas, como quer a sua vida.

 

E lá, onde a minha mente mora, naquele lugar onde existe uma floresta de perigos, um palácio de memórias, uma estrada velha e cansada, existem crianças, imensas crianças a correr para o lago transparente de sorrisos rasgados.

Existe um príncipe que pega em mim, e me leva de cavalo até ao castelo.

É um príncipe sem rosto e sem nome, sem soldados e protecção.

É quem desejar ser meu, apenas com o coração.

 

 

Não me perguntes...

 

Ele retirou-se da minha vida sem que eu nada pudesse fazer.

Partiu com a intenção de levar meu coração, esperando que tudo se fosse esvanecer. Como posso eu omitir, se me levas a alma, e me deixas as recordações?

Como posso eu deixar para trás um sentimento , que não me deixa em paz!

Como posso eu dizer adeus, se a vontade é ficar.

Como posso eu viver sem te amar!

 

Explica-me o que será de mim, sem um sorriso teu.

Explica-me o que será deste mundo meu!

Conta-me como me podes deixar sozinha, sem um espaço teu para cuidar, arrumar, estudar, Ficar!

Conta-me se choras à noite por tudo o que fui.

Conta-me se ela me substitui! Se dilui o que criamos em anos por direito. Para onde foi tudo o que era perfeito!?

 

Não venhas mais tarde desejar, tudo o que era nosso sem ser preciso lutar.

Não me digas que desisti antes do tempo, sendo que te ausentaste, quando fiquei em desespero.

Não me digas que não tentei, se não soubeste combater!

Não me perguntes depois: ”- Como foste capaz de me esquecer?!”

E se o Amanha não existir?!

 

Desejo que o amanha seja todos os dias, para que se repitam sentimentos insubstituíveis, Os Nossos. Para que me olhes como se fosse a primeira vez, para que me toques com medo de me magoar, e te percas nas horas comigo.

Quero todos os dias do sempre, para que possa dizer continuamente que me perco neste sentimento que venero.

 

Tenho o direito de me colar em ti incessantemente, de acordar e ver-te mergulhado em sonhos, e partilhar os meus afagos como se vivesses desperto.

Tenho o dever de te pegar na mão quando ela está fria, e de não a largar até me cansar.

Tenho que te beijar sem motivo, sem esperança de retribuição, com a maior vontade do Universo, e pedir somente que o teu beijo seja tão pretendido como metade da minha paixão.

 

Fechar-me ao mundo, num mundo teu, é saber onde pertenço sem desejar estar em outro qualquer lugar. É ser criança enquanto adulto, e ganhar raízes no coração enquanto Homem. É viver a flutuar, caminhando por entre nuvens que nos querem abraçar, conquistando um espaço fixo no caminho da união.

 

Se o amanha não existir, o mundo perderá a essência de Existir. A areia do deserto será um só Castelo sem nome. As ilhas serão olhares que procuram por nós, e os ventos não descansaram enquanto não encontrarem um fóssil que nos devolva à vida, para que deixemos de Ser lenda. Os dias serão despojados de vida, os mares serão ácidos de raiva, e os rios serão lágrimas de dor e descontentamento. O tempo perguntará para onde foi a alegria, e o Sol jamais brilhará com a mesma intensidade.

 

Se o amanha não existir, eu nada serei por não te ter.

E o mundo perderá por esquecer o que fomos...



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Amar, agora!


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Não é por estarmos unidos, que devemos ser iguais.
Não é por te amar todos os dias, que deva ser da mesma forma.
Não é por te ter escolhido, que és mais especial.
E como explicar ao mundo o que te torna incomparável?
Se somente em mim és inexplicável!
 
Não é pelos beijos, ou toques, ou pela expressão.
Por mais que ame o teu coração, também não creio que seja ele que me fixou...
Não é por dançares como menino de oito anos, ou sorrires como se amanhã não o pudesses fazer. E até nem é, pelo teu jeito altamente calmo, que há tão pouco tempo descobri que pudesses ter
Não te amo pelo que tens, nem pelo que lutamos ter.
Não te amo pelo que um dia desejo que venhas a ser
 
Perdeu-te o mundo, quando entras-te em mim. Encontrou-se para que um dia, não tivesse fim.
 
Amo-te tão só, por não conseguir explicar.
Amo-te só porque nunca te consegui deixar.
Amo-te porque te neguei ao mundo deixando-te em meu coração.
Amo-te sem tréguas, sem noite, sem tempo, sem jeito, sem palavras, sem espaço, sem passado, sem outrora, sem demora…
Amo-te num Sempre, a que chamo, Agora!

Meu


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Tu és aquele que vai, sem sair do meu coração. Aquele que aparece, como se nunca tivesse ido. És aquele que dorme inquieto em meus braços, à espera que a mansidão se confunda com o teu Ser.
És ameno em palavras, arrebatado em gestos. Intenso com a vida, apagado em esboços. Aquele que não tenta, não vai, não quer, porque não precisa, porque tudo nasce, tudo acontece… Tudo se faz, antes de se pensar que podia estar feito.
 
Agarras a minha mente quando esta não aguenta mais. Pressionas tudo o que tenho, tornando-me em tudo o que Sou.
Sou porque És. Sou porque me encontrei contigo. Sou porque me olhas como se tivéssemos nascido juntos. És porque sempre foste, e sempre serás, tu mesmo.
Não te conquistei, mudando-te. Conquistei, mudando-me. Descobri-me sem que estivesse realmente perdida.
 
Dás-me a mão, estando a sós. Beijas-me quando ninguém vê. Tímido de sentimentos, destreza de pensamentos. Ofuscas-me com a tua exuberância de Ser, de estar, de comunicar. Não me amas diante de todos os olhos, não me queres perante todos os seres. Guardas a magia só para nós. Não sei porquê…
Apenas sei o que sinto, quando és deveras, meu…

Não sei...

 

 
Não sei do que te falo, quando te olho. Não sei o que digo, mal  ouço a tua voz. As palavras são roubadas da mente, antes que possa reflectir nelas.
A tua prepotência de desprezar tudo o que se refere à minha vida, ultrapassa-me.Tiram-me intelecto. Morrem na estupidez que flui na minha mente.
Olhas-me estranhamente, mas sem vida.
Porque vais? Porque voltas?
 
Recuo-o para me lembrar do tempo em que me escutavas. Quando a tua voz não se escondia atrás da ironia.
Recordo o passado, para me lembrar do melhor que existia em ti.
Não sei porque insisto em ver-te, mesmo sabendo que não queres. Não sei porque decidiste morar na minha memória, mesmo sabendo que não te desejei eternamente.
 
Talvez seja pela intuição de que escondes mistérios em ti, que receio nunca desvendar.
Não sei se temo a verdade que guardas contigo. Ou se é o receio das palavras meigas e pausadas que um dia ouvi, do olhar que senti, das experiencias que vivi.
 
Moras na minha mente, subsististe.
E desejo que não te vás embora…



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Amor

De mãos fortes e macias. Os olhos ternos e mágicos.  Diz-me que esse teu jeito maroto e a tua comunicação voraz são pouco, comparados com o que guardas só para mim.

Não digas que duvidas, mesmo que dances e olhes a mulher com quem desejas estar. Não digas que te vais embora sempre que aparecer uma personalidade forte de que te orgulhes de conhecer.
Não procures mais. Pára, que eu sei ser tudo para ti.
Espera, eu acompanho-te. Entrega-te e jamais me esquecerás.
Não recues, porque estou aqui, à tua frente. Para quê olhar para trás!?
 
Enche-me de beijos e não esperes por amanhã.
Diz que será eterno. Diz que pensas todas as horas em mim.
Abraça-me quando as lágrimas da fraqueza me invadem. Quando a noite é fria e tão só. Senta-te ao meu lado, para te sentir mais perto. Para que a união seja mais, e a mente não te deixe dizer adeus.
Conta-me histórias de vida e de sonhos que vamos concretizar. Enumera os problemas que teremos de ultrapassar, e faz-me crer que será fácil porque já possuímos tudo o que é necessário.
 
Pensa que as nossas mãos estavam destinadas a estar unidas. Que juntos as feridas não tem tempo de sangrar, e passam a pequenas cicatrizes, que não duram tempo algum para serem lembradas. Recorda só o que lutamos, o que vencemos, o que amamos, e o que edificamos juntos.
O que importa é que Somos mais juntos, do que algum dia seriamos em separado.
 

Eu e tu? Apenas? Como posso? Não consigo…

 

 

Olha para o teu coração, rasga-o de dor, mata-o com esforços para nada...
Olha o teu reflexo de lágrimas, de maquilhagem preta estragada, agarra os teus cabelos escuros e puxa até que a dor física ultrapasse a dor mental.
Cai no Chão, faz birra de criança e pede para que fique. Mesmo sabendo que não vale a pena...
Pega no menino que chora no quarto, abraço-o. Tão pequenino, tão frágil, tão dependente.
- Eu e tu? Apenas? Como posso? Não consigo...
Diz que é o fim, que nunca mais o vais queres ver. Diz que tu, e aquele pequeno ser, é suficiente.
Que essa fragilidade nasce tão depressa como vai. Amor é pegar em nada, e torna-lo em tudo.
 
Diz que ser mãe não é difícil, é natural. Ser mulher é básico, define-se ainda antes de nasceres. Ser alguém é complexo e não linear, processa-se nos obstáculos, e na capacidade de te tornares, evoluíres, não te corromperes...
 
Ser, é transcendente...
É tela abstracta sem contornos reais, que quando terminada ganha o sentimento do autor...
É poeta que nada diz que até chegar ao último verso...
É não pensar, nem quando nem como. É acção, no antes, no depois, no durante, sem entraves, sem olhar para trás.
 
Embalas o berço, limpas as lágrimas. Pegas na coisa mais bonita do mundo, Sobes a camisola, e dás-lhe de comer.
És tudo para alguém, talvez para muitos, não sejas nada... No entanto és o suficiente para fazeres feliz, quem quer ser feliz. Seja ele bebé, criança, adolescente ou velhinho. Seja ele dependente, ou cheio de Independência...
 
Só fazes alguém feliz, se ele desejar ser feliz contigo.
Se não desejar?
Nunca saberá o que perdeu…
 
 


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