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Histórias de Vida

Escrevam para catarinaportela86@gmail.com e conte sua a história da sua vida.

Histórias de Vida

Escrevam para catarinaportela86@gmail.com e conte sua a história da sua vida.

Tudo e Nada

 

 

Um dia esqueci-me de olhar ao espelho. Saí sem me ver, sem me enfrentar, sem sorrir e sem pensar.
Perdi-me nas horas e mergulhei sobre o que desejei, refutei o que sempre desprezei, e não sei se parei o tempo, ou se o tempo parou por mim.
Fechei-me no máximo silêncio, e não falei o que devia falar, e não ouvi o que todos ouviam, e não olhei para onde todos olhavam, e sem pretender, conhecia-me.
 
Nesse dia beijei quem queria beijar, amei quem queria amar, chorei no colo de quem queria chorar, soltei gargalhadas do um mundo banal, e sorri ao pôr de sol ancestral.
Gritei com quem queria gritar, tive o que sempre quis ter, procurei quem sempre quis procurar, e mesmo sem encontrar, me encontrei.
E cantei como me apeteceu, saltei do mar ao céu, apanhei o sol e cobri-o com um véu. Olhei as estrelas e fiz um colar delas.
Nessa noite brilhei sem ti, sorri sem te ver, amei sem te sentir, senti sem te olhar, voei sem te alcançar. E desejei-te sem te ter.
 
Da liberdade de agir, saiu um complexo de insuficiência. Quando tudo parecia ao alcance, e quando o mundo me pareceu insignificante, eu aclamava por mais. Pela restrição do coração, pelo espaço apertado da ilusão, pela luta dos sonhos e pelo sabor da conquista, pela dor da desilusão…
Sem conclusão plausível, sem resultado final desconhecia a realização.
 
Um dia em que a vida era tudo, e tudo era somente uma vida. Nesse dia nada foi sem te ter, nada fui sem a restrição do comum. E a liberdade perdeu-se quando não me reconheci, quando não tinha em mim, um aperto, uma dor, uma luta.
 
O dia em que tudo fui, não era nada.

 

(Este é para ti, Sérgio... tal como prometi)



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Esconder de ti

 

Seres crentes de uma verdade inexistente, insistentemente tentam alertar o povo para um limite, que não deve ser ultrapassado por ninguém.
Constroem barreiras inatingíveis aos comuns mortais, e outros deuses que tais, alegando um espaço único onde escondem mistérios, desde as maravilhas do inicio do mundo até ao apocalipse.
 
Devemos dar-nos a conhecer, se desejamos ser conhecidos, ou seremos um completo desconhecido para todos.
Serás lembrado apenas pela insignificância de te fechares ao mundo.
Não serás único. Serás distinto e sozinho. Triste, franzido, fechado, ancorado a um sistema de vida, de estar, de respirar, de ser, que não é o mais puro e mais intenso.
Não é essa a satisfação que procuras quando te chamam pelo nome, ou quando em silêncio te sussurram ao ouvido melodias de outro mundo, quando as memórias se elevam e trazem até ti momentos que não querias pensar, quando gritam bem alto a ligação que a qualquer momento pode despertar.
 
Presa no tempo, defendo apenas, que ainda não conheces quem deves, não sentes quem queres, não vês porque ainda ninguém te soube conquistar.
Vives esperando que sejas aceite dessa forma, mas quando o tempo se apressar e alguém se manifestar mudando de ti, sem nada pedir, sem nada esperar, vais-te adaptar, entrar em mutação, e quando te olhaes, já não te vês a ti, vês um Nós. Errónea era a inicial forma de pensar?! Evidentemente.
 
Só entende quem se entrega, não quem aperta em seu Ser, pedaços que não dá a compreender.
 
Obrigado Daniel...e já agora ao João que me relembrou que tenho talento :P


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Não estarás.

 

 
 
O mundo ficou apático, sem cor, triste e sozinho. A natureza perdeu o cheiro, e a criança nunca mais foi feliz.
As ruas ficaram mais vazias, a memória mais fraca, o sorriso mais falso.
Sem escolha, sem espera, sem pausa, sem conformação, perdi-te.
 
Não sei dar passos, sem saber que existes.
Não sei olhar de frente, pois já não estás para me amparar.
Não sei ouvir, escutar com tolerância que tinha outrora.
Não sei aceitar, como aceitava.
Não sei amar como amava.
Não sei sonhar como sonhava…
 
Acordei de um local esquecido, e pensei que mais uma vez só tinhas fugido. Mas não…
Tive a escolha de voltar a fechar-me em concha num espaço meu.
Gritos e lágrimas escondiam-se atrás das portas. E eu sentia-os, ouvia-os, todos os dias!
 Pedaços meus aclamavam abrigo.
Escolhi proteger, gritar por eles, tomar rédeas de uma, ou de duas, ou de três, vidas.
Quantas vezes, não as quebrei, por me perder em mim.
Tudo por ter acordado assim…
 
Aprendi a gritar mais alto
Aprendi a falar quando tenho que falar, falar quando não tenho que falar. Aprendi a expressar-me sem saber parar.
Aprendi a calar …por algumas horas ou dias. Somente.
Aprendi a adormecer quando tudo me parece errado, e a acordar como se nada se tivesse passado.
Aprendi que a minha força cessa de forma diversa, sem momento certo, porque a levaste contigo.
 
Falta aprender a viver sem ti.
Falta não te chorar.
Falta sorrir como criança e ter a certeza de não desistir.
Falta muitas vezes a energia, certeza, clareza, objectividade, para encarar a realidade.
Falta recuperar o teu tempo, e o meu tempo.
Falta sofrer por mim, e para mim.
Sorrir por mim, e para mim.
 
Mas para tudo isto. Fazes-me falta.
 
E não me abraçarás mais.
E não vais escolher os tons da minha casa.
E o meu carro vai avariar, e o pai não vai poder resolver o problema.
E não irás reparar os electrodomésticos que vou estragar.
E não me levarás um dia ao altar.
E não verás o teu neto nascer ou crescer.
 
Não estarás…
O teu sorriso perdeu-se.
A minha alegria esvaneceu-se.
 
Dois anos passaram.

 

I miss you dad...